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JAMB

JUNHO/JULHO DE 2002

5

O presidente da AMB, Eleuses Paiva, entrega ao candidato José Serra,

carta com propostas das entidades médicas para a área de saúde

de Recursos Humanos, princi-

palmente no que tange à formação,

qualificação e capacitação do profis-

sional médico, cuja presença deverá

ser obrigatória em toda e qualquer

equipe. Pleitear urgente reestru-

turação do modelo, com montagem

de retaguarda de especialistas e de

leitos para primeiro atendimento nas

próprias áreas onde as equipes atuam,

para que o programa adquira um

mínimo de resolutividade, de modo

a consolidar os vínculos das equipes

com a população sob sua respon-

sabilidade.

14.

A estruturação do SUS no nível de

atenção primária, na qual os Pro-

gramas acima referidos desem-

penham papel relevante, devem

priorizar profissionais que residam ou

passem a residir nas comunidades ou

regiões próximas aos seus locais de

trabalho e que sejam contratados

formalmente pelos municípios,

estados ou Governo Federal, enquan-

to trabalhadores do setor público e

que desempenham atividades típicas

do Estado, aceitando-se em casos

específicos a vinculação a entidades

da sociedade, não governamentais e

sem fins lucrativos. Deve ser evitada

a precarização de vínculos e assegu-

rado um Plano de Cargos, Carreiras

e Salários – PCCS, conforme

determina a legislação do SUS.

15.

Solicitar a devida atenção para os

relatórios da CINAEM e para as

propostas das entidades médicas que

visam a melhoria da formação

profissional, a seguir relacionadas:

a)

Controlar a expansão indiscriminada

de faculdades de medicina sem

avaliação de necessidade social do

curso.

b)

Restabelecer a responsabilidade do

Conselho Nacional de Saúde para este

reconhecimento.

c)

Exigir das escolas existentes o

cumprimento de requisitos mínimos,

estabelecidos pelo CINAEM.

d)

Proibir abertura de novas faculdades

sem que exista nestas um complexo

hospitalar e ambulatorial, bem como

corpo clínico e recursos docentes

capazes de garantir a boa formação.

e)

Estudar, em conjunto com as enti-

dades, a implantação de serviço social

voluntário aos egressos de escolas

médicas, que lhes garantam créditos

nos concursos de residência médica.

f)

Estimular a adaptação dos currículos

que permitam a preparação desses

egressos a exercer o atendimento à

população, ao invés de prepará-los

precocemente para especialidades e

áreas de atuação.

g)

Aceitar currículos diferenciados

sempre que as condições da escola

permitam, sem abdicar da formação

que permita o serviço social volun-

tário ao término do curso.

h)

Reconhecer a importância da Resi-

dência Médica, sem que isto implique

em considerar a formação como não

terminal, adequando número de vagas

ao de formandos, levando em conta

as necessidades do modelo de saúde

brasileiro, evitando que entrem no

exercício profissional os que não

conseguiram vaga na Residência e

não estejam preparados para o

exercício.

i)

Diante da desigualdade da formação

médica em diferentes países, liberar,

para o exercício no País, apenas os

médicos estrangeiros que se sub-

meterem à revalidação do diploma em

centros credenciados para tanto, pelos

Ministérios da Educação e da Saúde,

de acordo com as normas do CFM.

Por fim, as Entidades Médicas se

colocam à disposição dos dirigentes

governamentais para o assessoramento

necessário na definição das estratégias

para a viabilização destas propostas.

São Paulo, 13 de junho de 2002

Associação Médica Brasileira

Conselho Federal De Medicina

Confederação Médica Brasileira

Federação Nacional Dos Médicos

A Nação Brasileira vive ummomento

extremamente importante diante das

eleições gerais que ocorrerão em outubro

próximo. Nós médicos, compromissados

com as questões sociais, prestamos nossa

contribuição mediante este documento,

onde elencamos os principais pontos

relativos à assistência médica e à

promoção da saúde.

1.

Considerar o capítulo de saúde da

Constituição como uma conquista do

povo brasileiro.

2.

Aceitar o modelo vigente que

considera livre a iniciativa privada na

saúde, devidamente inserida, de

modo complementar, num sistema

único de saúde baseado na hierar-

quização, descentralização e partici-

pação social.

3

. Considerar inaceitável, entretanto, a

desigualdade na atenção às pessoas

entre os dois setores, especialmente

na garantia de acesso e na disponibi-

lização dos recursos tecnológicos.

4.

Insistir na tese de que esta desigual-

dade ocorre pela diferença no volume

de recursos que são destinados para

atividades semelhantes. O setor

privado dispõe de recursos, per capi-

ta, pelo menos seis vezes maior.

5.

Na regulamentação do setor privado,

garantir:

a)

que as entidades profissionais esta-

beleçam piso para a remuneração dos

serviços prestados por seus filiados,

a partir do qual serão feitas nego-

ciações com o setor empresarial;

b)

o respeito à liberdade de escolha do

usuário de planos de saúde para que se

preserve a relação médico / paciente.

6.

Possibilitar a participação das enti-

dades médicas, especialmente das So-

ciedades de Especialidade, na elabo-

ração de critérios para avaliação de

desempenho e garantia da qualidade

nos serviços de saúde público e

privado.

7.

Reivindicar que a vinculação de

recursos ao setor público, ainda

flagrantemente insuficientes, seja

capaz de garantir, além do custeio

com valores atualizados, investi-

mentos capazes de recuperar insta-

lações e atualizar equipamentos,

preservando a capacidade instalada,

ora comprometida, mas também

capaz de ampliar a oferta de serviços.

8.

Considerar falacioso o argumento de

que o problema não é falta de recursos

mas incompetência de gestão. Lem-

brar que a insuficiência de recursos

compromete a boa gestão.

9.

Rever os valores pagos pelos serviços

prestados ao SUS, cujas correções em

8 anos estão em enorme desproporção

com os índices do setor saúde

avaliados pela FIPE em mais de

150%.

10.

Ressaltar a necessidade de controle

da incorporação tecnológica, conside-

rada algumas vezes excessiva no setor

privado, com ociosidade e desper-

dício. Enquanto isto, no setor público

existe insuficiência, causando retar-

dos incompatíveis com o atendimento

eficaz, criando deficiências gritantes

que desmoralizam o setor. Estabe-

lecer critérios baseados na relevância

clínica, como vem sendo feito para

os transplantes.

11.

Definir um amplo projeto de promo-

ção à saúde, com ênfase nas ações

preventivas, incluindo não apenas

controle epidemiológico e imuni-

zação, combate à endemias, mas

também fiscalização, esgotamento

sanitário, água, coleta e tratamento do

lixo com prioridade absoluta, para o

qual se exige orçamento específico.

12.

Considerar os institutos de pesquisa

e laboratórios farmacêuticos ofi-

ciais como estratégicos na busca de

auto-suficiência em imunobio-

lógicos e na regulação da política

de medicamentos.

13.

Apoiar os Programas de Saúde da

Família (PSF) e o de Agentes Comu-

nitários de Saúde (PACS), reivin-

dicando ampla reformulação na parte

Carta dos médicos brasileiros

aos candidatos nas eleições 2002

Saúde: os

médicos têm

propostas

AAssociação Médica Brasileira, o Conselho Federal de Medicina, a Federação Nacional dos Médicos

e a Confederação Médica Brasileira apresentaram, durante o II Congresso Brasileiro e III Congresso

Paulista de Política Médica, a “Carta dos médicos brasileiros aos candidatos nas eleições de 2002” (Abaixo

na íntegra).

“É uma proposta básica, ainda sem aprofundamento, que contém algumas sugestões da classe médica para

o aprimoramento da saúde no país, e que será entregue aos candidatos à presidência e aos parlamentares. É

apenas o princípio básico que deve nortear e abrir as discussões sobre o setor. Ela não é terminativa, pois

precisa ser aprofundada. Para isso, estaremos criando um grupo de trabalho para elaborarmos propostas mais

concretas”, explicou o presidente Eleuses Paiva, ao entregar o documento ao candidato José Serra.

Dos quatro candidatos à presidência da República convidados a participar do evento, Antony Garotinho (PSB),

Ciro Gomes (PPS), Luís Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB), apenas o candidato do PSDB compareceu.

O candidato Luís Inácio Lula enviou o deputado federal Arlindo Chinaglia como seu representante.

Segundo Serra, muita coisa foi feita na área de saúde, mas ainda há muito o que fazer. “A criação das Agências

de Vigilância Sanitária e de Saúde Suplementar, o financiamento destinado ao setor de saúde, a descentralização do

Sistema Único de Saúde (SUS), a expansão do Programa de Saúde da Família, a redução da mortalidade infantil,

o acesso a medicamentos foram ações realizadas pelo Ministério da Saúde e que precisam ser desenvolvidas”,

disse. E completa: “ É preciso somar esforços e trabalharmos juntos para que esse sistema caminhe. Levarei em

conta as propostas dos médicos, pois quero fazer um programa em conjunto. Temos que ir além da questão

partidária, trabalhar o “Partido da Saúde”, finalizou.

Para o representante do candidato do PT,Arlindo Chinaglia, não há atualmente um planejamento estruturado

de atenção à saúde. O SUS não está suficientemente implantado. “A atenção médica tem que estar sob o

controle do Estado. Não dá para trabalhar como algo dissociado com o governo. É preciso trabalhar com

metas, objetivos e avaliação”, disse. “Temos boas leis, mas que não são suficientes. Nossa intenção é

aprimorá-las, pois se conseguirmos traduzir em realidade os compromissos impressos legalmente,

estaremos fazendo uma verdadeira revolução na atenção à saúde do país”. Em relação à proposta

dos médicos,Arlindo comentou que existe conhecimento e convicção generalizada do que precisa

ser feito. “Pelo pouco que pude analisar, temos uma concordância quase que total com os

pontos levantados”.

Candidatos a deputados estaduais e federais também apresentaram propostas

para o setor. Entre eles, Alberto Calvo (PSB), Luiz Carlos Godim (PV), Milton

Flávio (PSDB), Pedro Tobias (PDT), Regina Parizzi (PT), Pedro Serafim

(PSDB), Ângela Guadagnin (PT), Evilásio Faria (PSB), Helio de

Oliveira (PDT), Jamil Murad (PC do B), Roberto Gouveia (PT),

Walter Feldman (PSDB) e Álvaro Machuca (PHS).

A aprovação da carta de propostas da classe

médica foi unânime entre os

parlamentares.

Osmar Bustos