JAMB
JUNHO/JULHO DE 2002
3
mil e Golden Cross foram
os planos mais citados
pelos médicos na pesquisa
nacional realizada pelo Instituto
Datafolha, encomendada pela As-
sociação Médica Brasileira, Con-
selho Federal de Medicina, Fede-
ração Nacional dos Médicos, Con-
federação Médica Brasileira,
Conselho Regional de Medicina de
São Paulo e Associação Paulista de
Medicina, que procurou elencar os
três piores planos de saúde no país.
A pesquisa indicou também que
44% dos médicos brasileiros acham
os planos ruins/péssimos, outros
44% consideram regular, 11%
qualificam como bons e apenas 1%
entende como ótimos. Em uma
escala de 0 a 10, a média dada pelos
médicos aos planos foi de 4,66.
O resultado da pesquisa foi
divulgado durante o Congresso de
Política Médica, realizado em São
Paulo, e alémda classificação dos três
Médicos elegem os piores planos
piores planos em cada Estado (qua-
dro abaixo), trouxe outros números:
90% dos médicos brasileiros tra-
balham para planos de saúde, sendo
que cada um atende, em média, 11,3
planos. A pesquisa, que apresenta
margem de erro de 2 pontos percen-
tuais e nível de confiança de 95%, foi
realizada junto a 2.160 profissionais
em todo o país, e para atribuir nota à
operadora do plano de saúde, foram
considerados três requisitos: inter-
ferência do plano na autonomia
médica, burocracia para o usuário
conseguir atendimento e pagamento
de honorários. Dos entrevistados,
93% entendem que os planos inter-
ferem na autonomia médica: 82,2%
indicam restrições a doenças preexis-
tentes; 72,2%apontampara glosas de
procedimentos ou medidas terapêu-
ticas; 69,1% assinalam atos diagnós-
ticos e terapêuticos mediante desig-
nação de auditores; 64% relacio-
naram ao tempo de internação dos
pacientes e 45%citaramo período de
internação pre-operatório como
interferência emsua autonomia. Entre
os profissionais pesquisados, 66%
eramdos sexomasculino, commédia
de idade de 43 anos. Em relação às
especialidades, os percentuais
predominantes dos entrevistados
foram: ginecologistas (15,5%), pedia-
tras (13,7%) e clínico geral (9,6%).
A pesquisa integra o movimento
médico que busca uma melhor
relação entre médicos e operadoras
de saúde. Segundo o presidente da
AMB, Eleuses Paiva, o objetivo foi
avaliar essas empresas, baseando-se
na iniciativa da Associação Médica
Americana que também desenvolve
este tipo de pesquisa junto aos seus
associados há oito anos.
“Buscamos apenas apresentar o
diagnóstico do que pensam os mé-
dicos acerca dos planos”, garantiu
Eleuses. “Pretendemos continuar
realizando esta pesquisa periodica-
Resultado da pesquisa dos “Piores Planos de Saúde”
mente, como uma rotina. Principal-
mente porque entendemos que seus
resultados são um alerta à popu-
lação de como os planos e seguro
saúde tratam os médicos. Um
tratamento que, mais que aos
próprios médicos, prejudica o
paciente, que não consegue ter o
atendimento que merece”, com-
pletou Edson Andrade, presidente
do CFM. “O resultado desta pes-
quisa do Datafolha coincide com os
números que temos no Procon”,
afirmou Lúcia Helena Magalhães,
assistente do Procon. “Além disso,
oferece ao consumidor subsídios
para a escolha de determinado
plano de saúde”, acrescentou.
Marlene Treuk, do Datafolha, apresenta os resultados da pesquisa
ATO PÚBLICO
– Entidades
médicas e de Defesa do Consu-
midor realizaram, no dia 4 de junho,
em São Paulo, o ato público “Qua-
tro anos de regulamentação dos
planos de saúde: os abusos conti-
nuam”, com o objetivo de alertar a
população quanto aos abusos dos
planos de saúde. O evento contou
com a participação da Associação
Médica Brasileira, Conselho Fe-
deral de Medicina, Associação
Paulista de Medicina, Instituto
Brasileiro de Defesa do Con-
sumidor (Idec), Fundação Procon
de São Paulo, Comissão de Defesa
do Consumidor da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB),
Fórum Nacional de Entidades de
Defesa dos Portadores de Pato-
logias e Deficiências, além de con-
selhos e sindicatos da área médica.
Um abaixo-assinado, solici-
tando a abertura das planilhas de
custo das operadoras, também será
entregue à ANS. Segundo Regina
Parizzi, do Cremesp, não há trans-
parência por parte das operadoras
de planos de saúde quando a
questão envolve custos. “Todas as
vezes que eles solicitam reajustes,
alegam que há aumento nos custos
dos honorários médicos. Isto é um
absurdo, já que a categoria não
tem reajuste há sete anos. O au-
mento nos honorários das con-
sultas médicas feito há pouco
tempo pela ANS não é suficiente,
pois não é proporcional ao período
em que ficamos sem reajuste. Por
isso, estamos lutando pela abertura
da planilha de custos das opera-
doras, que consideramos verda-
deiras ‘caixas-pretas’, simples-
mente por esconder lucros exor-
bitantes do setor”.
ESTADO
1º LUGAR
2º LUGAR
3º LUGAR
São Paulo
Amil
Samcil
Intermédica Saúde
Rio de Janeiro
Golden Cross
Amil
Geap
Minas Gerais
Ipesemg
Golden Cross
Bradesco Saúde; Cassi
(Banco do Brasil); PM MG;
Executive Med
Espírito Santo
Samp; Vix Saúde; PHS Geap; Golden Cross
Rio Grande do Sul
Inst. Prev. do RGS
Golden Cross
Cassi (Banco do Brasil)
Paraná
Amil; Golden
Unimed Curitiba;
Cross; Clinihauer
Bradesco Saúde;
HSBC Saúde
Bamerindus
Santa Catarina
Cassi (Bco Brasil)
Bradesco Saúde
Geap
Brasília
Amil
Golden Cross
Blue Life; Geap
Goiás
Ipasgo
Golden Cross
Amil; Geap; Cassi (Bco Brasil)
Mato Grosso do Sul
Cassems
Bahia
Plan Serv
Geap
Golden Cross; Sul América
Alagoas
Smile; Geap
Ceará
Hapvida
Geap
Amil; Camed (Bco Nordeste)
Paraíba
Geap
Pernambuco
Admed
Golden Cross
Geap
Maranhão
Long Life
Geap; Hapvida
Rio Grande Norte
Hapvida
Região Norte*
Capis Saúde
Geap
*Consolidada como um todo
Obs.: os estados de Mato Grosso, Piauí e Sergipe não apresentaram consistência estatística para definição
precisa dos piores planos
Fotos: Osmar Bustos