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câncer no Brasil

Oncologia (Unacon), Ministé-

rio da Saúde e sua Secretaria de

Atenção à Saúde –, confirmou o

descumprimento da legislação,

conforme os números compro-

vam nos gráficos.

O atraso entre o diagnós-

tico e o início do tratamento é

determinante para a alta mor-

talidade por câncer no Brasil. O

paciente demora até 12 meses

para receber o primeiro trata-

mento. A tabela abaixo mostra

os casos registrados nos Cacon

e Unacon entre 2009 e 2011,

para todos os tipos de pacientes.

Quase metade deles não iniciou

o tratamento em 60 dias.

Para Marcos Moraes, que

dirigiu o Inca de 1990 a 1998, a

entidade só sairá dessa crise se

adotar no sistema administrati-

vo um mecanismo mais ágil de

gestão: “Assim como fazem vá-

rias instituições similares, como

a Fundação Sarah Kubitschek e

o Hospital de Clínicas de Porto

Alegre, o Inca precisa de méto-

dos mais ágeis de gestão. Desde

1995, presenciamos uma certa

inércia em mudar o modelo ad-

ministrativo. O Inca é um con-

junto de unidades muito mais

complexo do que um hospi-

tal, envolvendo pesquisa, trans-

plante de medula, ensino com

pós-graduação

stricto sensu

e

doutorado com a melhor ava-

liação em oncologia pela Coor-

denação de Aperfeiçoamen-

to de Pessoal de Nível Superior

(Capes), por isso merece maior

atenção”, finaliza.

Os descasos constatados em

várias regiões brasileiras são

exemplos que retratam fielmen-

te a total falta de estrutura para

atender aos 576 mil casos de cân-

cer previstos no país até o final

de 2015. Para piorar, a Organiza-

ção Mundial da Saúde (OMS) es-

tima que o número de casos de

câncer no mundo deve aumen-

tar em 70% nas próximas duas

décadas, passando de 14 milhões

para 22milhões, e que 13 milhões

morrerão da doença.

A tendência é piorar ainda

mais, especialmente na área de

radioterapia, segundo a Socie-

dade Brasileira de Radioterapia

(SBRT), que observa enorme des-

caso em várias regiões do país.

“Pode-se dizer que se encontram

em melhores condições as en-

tidades que recebem subsídios

do governo ou do setor priva-

do, caso do Hospital do Câncer

de Barretos. Já as que depen-

dem do SUS, como as Santas Ca-

sas, estão fadadas a um cenário

sombrio em pouco tempo”, diz

o presidente da SBRT, Eduardo

Weltman. Ele conta que, duran-

te a última campanha presiden-

cial, foi prometida com enorme

alarde a colocação de 80 apare-

lhos em diversas regiões do país,

mas, quase dois anos depois, ne-

nhumdeles foi instalado. “O que

se observa é a fila de pacientes

aumentar, retardando diagnós-

ticos, o que, nesses casos, é cru-

cial”, completa.

Além disso, o governo man-

tém congelados os valores dos

serviços de radioterapia desde

2010. “Imagine como estão es-

tranguladas as entidades que

têm manutenção de seus apare-

lhos indexada ao dólar sem rea-

juste por tantos anos?”, questio-

na. “Em pouco tempo, a falta de

investimentos aliada à deficiên-

cia na gestão vão inviabilizar o

serviço em todo o país, gerando

uma crise ainda mais acentua-

da”, finaliza.

20%

13%

14%

13%

17%

23%

0 a 15

16 a 30

31 a 45

46 a 60

61 a 90

91 e mais

Tempo, em dias, entre o diagnóstico de

neoplasia maligna e o início do tratamento

no Brasil, jun/2013 a jul/2014

14

JAMB

JULHO

/

AGOSTO

2015