câncer no Brasil
N
os últimos meses, de-
núncias de descaso
com pacientes que ne-
cessitam de tratamento con-
tra o câncer em todo o território
nacional têm se tornado cons-
tantes na mídia. No Hospital
do Câncer de Uberlândia, a fal-
ta de medicamentos interrom-
peu o tratamento dos pacientes
necessitados. O mesmo proble-
ma foi apurado no Hos-
pital de Base do Distrito
Federal. Em Pernambu-
co, o Hospital Universitá-
rio Oswaldo Cruz, referên-
cia de atendimento no
Estado, também foi notí-
cia pela falta de remédios.
No Amapá, na Unida-
de de Alta Complexidade
em Oncolologia; em Ser-
gipe, no Centro de Onco-
logia Estadual; e em Join-
ville, no Hospital São José,
a falta de medicação tam-
bém causou a interrup-
ção dos tratamentos. Em Ala-
goas, as denúncias envolveram
pacientes com câncer de mama,
que tiveram suas sessões sus-
pensas nas unidades do siste-
ma único de saúde (SUS).
O caso que chamou mais a
atenção, no entanto, foi denun-
ciado pela
Veja Rio
, mostran-
do que no Instituto Nacional de
Câncer (Inca), um dos mais im-
portantes centros de tratamento
da doença no país, falta de tudo:
de pessoal – somente no ano
passado, cerca de 600 funcioná-
rios foram dispensados sem que
houvesse reposição – a material
básico. A repercussão foi propor-
cional à sua magnitude: anual-
mente, o Inca é responsável por
40 mil sessões de quimiotera-
pia, 67 mil de radioterapia, 7.500
cirurgias, entre outros núme-
ros, sempre na casa dos milhares.
Na reportagem, ummédico, cuja
identidade foi preservada, afir-
mou: “Eu poderia realizar uma
operação por dia, mas tenho fei-
to apenas uma por mês, pois não
há anestesistas, nem técnicos
para dar suporte”.
Há relatos, ainda, de doen-
tes que deixaram de receber
medicamentos, falta de supri-
mentos hospitalares, sem con-
tar a fila de espera, que pode
chegar a um ano, desde a tria-
gem até o início do tratamento,
tempo que pode ser fatal para
pacientes mais graves. Somen-
te após a publicação da matéria
na
Veja
, o Ministério do Planeja-
mento, Orçamento e Gestão
autorizou a convocação de
558 aprovados no concur-
so público realizado para o
Instituto em 2014.
No caso específico do
Inca, o governo, como se o
país fosse uma terra sem
lei, age de forma irrespon-
sável, ignorando a lei fede-
ral 12.732/2012, que estipula
o prazo de até 60 dias para
o início do tratamento no
SUS do paciente com cân-
cer. Pesquisa realizada no
ano passado, encomendada
pela Federação Brasileira de Ins-
tituições Filantrópicas de Apoio
à Saúde da Mama (Femama),
envolvendo 59 entidades – se-
cretarias de Saúde, órgãos regu-
ladores, hospitais filantrópicos,
Centros de Assistência de Alta
Complexidade em Oncologia
(Cacon), Unidades de Assistên-
cia de Alta Complexidade em
No Inca, somente
no ano passado,
cerca de 600
funcionários foram
dispensados sem
que houvesse
reposição
JULHO/AGOSTO
2015
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JAMB
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