Background Image
Previous Page  12 / 33 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 12 / 33 Next Page
Page Background

JULHO/AGOSTO 2010

11

Nós, médicos, representados no

XII Encontro Nacional de Entida-

des Médicas (ENEM), de 28 a 30 de

julho de 2010, em Brasília, reitera-

mos nosso compromisso ético com

a população brasileira. Neste ano,

no qual o futuro do país será decidi-

do pelo voto, apresentamos à nação

e aos candidatos às próximas elei-

ções nossa pauta de reivindicações,

que necessita ser cumprida urgen-

temente, para não agravar ainda

mais a situação que já atinge seto-

res importantes da assistência em

saúde. Esperamos respostas e solu-

ções aos problemas que comprome-

tem os rumos da saúde e da Medi-

cina, contribuindo assim para a

redução de desigualdades, para a

promoção do acesso universal aos

serviços públicos e para o estabe-

lecimento de condições dignas de

trabalho para os médicos e de saúde

à população, para que este seja real-

mente um país de todos.

1. É imperioso garantir a aprovação

imediata da regulamentação da

Emenda Constitucional 29, que

vincula recursos nas três esfe-

ras de gestão e define o que são

gastos em saúde. Esse adiamento

causa danos ao Sistema Único de

Saúde (SUS) e compromete sua

sobrevivência.

2. O Governo Federal deve asse-

gurar que os avanços anuncia-

dos pela área econômica tenham

repercussão direta no reforço das

políticas sociais, particularmente

na área da saúde, que sofre com a

falta crônica de recursos, gestão

não-profissionalizada e precari-

zação dos recursos humanos.

3. São urgentes os investimentos

públicos em todos os níveis de

assistência (atenção básica, média

e alta complexidade) e prevenção

no SUS. O país precisa acabar

com as filas de espera por consul-

tas, exames e cirurgias, com o

sucateamento dos hospitais e o

estrangulamento das urgências e

emergências, além de redirecio-

nar a formação médica de acordo

com as necessidades brasileiras.

4. A Agência Nacional de Saúde

Suplementar (ANS) precisa assu-

mir seu papel legítimo de espa-

ço de regulação entre empresas,

profissionais e a população para

evitar distorções que penalizam,

sobretudo, o paciente. A defasa-

gem nos honorários, as restrições

de atendimento, os descredencia-

mentos unilaterais, os “pacotes”

com valores prefixados e a baixa

remuneração trazem insegurança

e desqualificam o atendimento.

5. O papel do médico dentro do SUS

deve ser repensado a partir do esta-

belecimento de políticas de recursos

humanos que garantam condições

de trabalho, educação continuada e

remuneração adequada.

6. A proposta de criação da Carrei-

ra de Estado do Médico deve ser

implementada, como parte de

uma necessária política pública

de saúde, para melhorar o acesso

da população aos atendimentos

médicos, especialmente no inte-

rior e em zonas urbanas de difí-

cil provimento. No Brasil, não há

falta de médicos, mas concentra-

ção de profissionais pela ausên-

cia de políticas – como esta – que

estimulem a fixação nos vazios

assistenciais, garantindo a equi-

dade no cuidado de Norte a Sul.

7. A qualificação da assistência pelo

resgate da valorização dos médi-

cos deve permear outras ações da

gestão nas esferas pública e priva-

da. Tal cuidado visa eliminar

distorções, como contratos precá-

rios, inexistência de vínculos,

sobrecarga de trabalho e ausência

de estrutura mínima para ofere-

cer o atendimento ao qual o cida-

dão merece e tem direito.

8. Atentos ao futuro e à qualidade

do exercício da Medicina, exigi-

mos aprofundar as medidas

para coibir a abertura indiscri-

minada de novos cursos, sem

condições de funcionamento,

que colocam a saúde da popula-

ção em risco. De forma comple-

mentar, é preciso assegurar

que a revalidação de diplomas

obtidos no exterior seja idônea

e sem favorecimentos, assim

como oferecer a todos os egres-

sos de escolas brasileiras vagas

em Residência Médica, qualifi-

cadas pela Comissão Nacional

de Residência Medica (CNMR),

entidades médicas e sociedades

de especialidade.

9. Num país de extensões conti-

nentais, torna-se imperativo

trabalhar pela elaboração de

políticas e programas de saúde

que contemplem as diversidades

regionais, sociais, étnicas e de

gênero, entre outras, garantin-

do a todos os brasileiros acesso

universal, integral e equânime à

assistência, embasados na efici-

ência e na eficácia dos serviços

oferecidos, convergindo em

definições claras de políticas de

Estado para a saúde.

Preocupados com o contexto da

Saúde no Brasil e com o descum-

primento de suas diretrizes e

princípios constitucionais, nós,

médicos, alertamos aos governos

sobre seus compromissos com a

saúde do povo brasileiro.

Brasília, 30 de julho de 2010

ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

FEDERAÇÂO NACIONAL DOS MÉDICOS

MANIFESTO DOS MÉDICOS À NAÇÃO