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JAMB - JAN/FEV - 2006
Certificação: qualidade e segurança
e d i t o r i a l
José Luiz G. do Amaral
Presidente da AMB
Entendemos que educação conti-
nuada é um direito do médico de se
manter atualizado, ampliar seus hori-
zontes. No entanto, precisa ter qualidade
suficiente para justificar o investimento
do tempo do médico, ao dedicar-se a um
programa nesta área. E, ao avaliar os
eventos submetidos à aprovação da
Comissão Nacional de Acreditação,
pudemos perceber que existe um volu-
me considerável de programas de exce-
lente qualidade científica, o que coloca
à disposição dos profissionais um
elenco de opções vasto e valioso em
termos de aperfeiçoamento.
Entretanto, situações do dia-a-dia
como a rotina profissional, outros
compromissos, custos elevados ou
dificuldade de locomoção acabam
impedindo o desejo dos profissionais
em acompanhar determinados eventos
in loco.
Levando tal contexto em conside-
ração, a AMB, em conjunto com o seu
quadro de especialidades, e o Conselho
Federal de Medicina estão se empenhan-
do na estruturação de um programa a ser
disponibilizado aos médicos brasileiros.
O Programa de Educação Médica
ContinuadaAMB/CFM, alémde apresen-
tar excelente qualidade científica, também
será acessível a todos os médicos brasi-
leiros, sem custo ou necessidade de
deslocamento. Será disponibilizado por
meios eletrônicos, facilitando o acesso
por computador, e ainda em mídias
graváveis (CDs, DVDs, etc) ou algum
produto eletrônico de modo que o
médico possa utilizá-lo com intensidade
apropriada, seja em seu local de trabalho
seja em sua casa, e nos horários que
tiver disponíveis para esse fim. AAMB e
o CFM entendem que esse programa
deverá abranger o conteúdo programático
de todas as especialidades.
Há um consenso sobre a necessidade
de excelentes profissionais para a oferta
de assistência de qualidade, e esta quali-
dade não pode ser aferida num só
momento da vida do indivíduo, mas deve
ser atestada ao longo de todos os fins
profissionais. Só se pára de aprender em
medicina quando se encerra a atividade
profissional. Não há nenhuma razão para
que alguém interrompa seus estudos
antes do último dia de trabalho.
Por isso, não entendemos como no
Brasil alguns propõem encurtar o perío-
do de especialização, reduzir o tempo de
formação do médico, uma vez que a
medicina vem se expandindo em comple-
xidade e extensão. Os cursos de gradua-
ção e pós-graduação também têm de se
estender se quisermos ter médicos de
qualidade. Acho que esse é o ponto que
precisa ser levado em consideração. É
necessário que haja uma formação sólida
na graduação, uma especialização sufi-
cientemente forte e complementada
por programa de educação continuada
amplo e consistente.
O Departamento Nacional de Trânsi-
to, compreendendo a necessidade de
desenvolver uma política voltada à
segurança e redução de acidentes, insti-
tuiu a obrigatoriedade de cursos teóricos
e técnicos para a renovação da carteira
de habilitação. Portanto, ao renovar a
carteira de motorista, temos que nos sub-
meter a um curso e a novo exame. Por que
uma carteira de motorista não é vitalícia e
um diploma médico é? Por que umTítulo
de Especialista é vitalício? Embarcaríamos
num avião caso o piloto contasse com
70 anos de idade e tivesse tirado o brevê
aos 24 sem nunca mais ter sido avaliado?
A atualização é o limite mínimo para
começarmos a discutir segurança.