Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  10 / 29 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 10 / 29 Next Page
Page Background

10

JAMB - JAN/FEV - 2006

Saúde

pela

metade

Comunicado

A Associação Médica Brasileira, o

Conselho Federal de Medicina, a

Associação Paulista de Medicina, a Pro

Teste - Associação Brasileira de Defe-

sa do Consumidor e o Procon-SP vêm a

público condenar proposta apresentada

por empresas de planos de saúde, ao

Ministério da Saúde, de reduzir o leque

de serviços, para baixar eventuais custos.

As entidades são contrárias à

flexibilização, assim como condenam

veementemente outra sugestão das

intermediadoras de saúde: a de acabar

com a obrigatoriedade de ressarcimento

ao Sistema Único de Saúde (SUS) nos

casos em que usuários utilizam a rede

pública para serviços garantidos em

contrato.

Empresas de planos de saúde já

contabilizam uma dívida milionária com

o SUS, o que é inadmissível, especial-

mente tendo em vista que tais recursos

deveriam ser empregados para melho-

rar o atendimento aos 140 milhões de

brasileiros que recorrem ao Sistema

Único de Saúde.

Registramos, por fim, que a busca

pelo oferecimento de planos mais

acessíveis é um dever de todos os agen-

tes do setor. No entanto, não pode ferir

direitos adquiridos nem atentar contra

o atendimento integral, e muito menos

ser usada para maquiar tentativas que

visam meramente reduzir custos.

O direito à saúde constitucionalmen-

te assegurado como fundamental é

dever do Estado, portanto, serviço

público essencial, facultado à iniciativa

privada, o que equivale a dizer: não se

trata de atividade meramente comercial

em busca do lucro.

Associação Médica Brasileira

Conselho Federal de Medicina

Associação Paulista de Medicina

Pro Teste - Associação Brasileira de

Defesa do Consumidor

Procon-SP

Com o objetivo único de

aumentar a lucratividade, as

operadoras de plano de saúde estão

pleiteando autorização do governo no sentido de

oferecer um novo serviço, restrito à população de baixa renda, especi-

ficamente para as classes C e D, com cobertura apenas para consultas

e exames pouco complexos.

A reivindicação partiu da Associação dos Serviços Assistenciais de

Saúde Próprios de Empresas de Minas Gerais, com respaldo da Asso-

ciação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge). Além da redução da

oferta de atendimentos obrigatórios, como tratamento de câncer,

hemodiálise e internações complexas, entre outros, querem o fim do

ressarcimento ao Sistema Único de Saúde. Pela lei, esse ressarcimento

deve ocorrer sempre que um cliente de plano de saúde é atendido pela

rede pública e não pela rede credenciada da operadora. Porém, desde

1999, quando o ressarcimento foi iniciado, até o fim de 2005, as opera-

doras pagaram R$ 70,2 milhões em atendimentos ao SUS, mas o valor

apurado pelaANS-Agência Nacional de Saúde Suplementar é bemmaior:

R$ 349,8milhões.

A Associação Médica Brasileira, o Conselho Federal de Medicina,

a Associação Paulista de Medicina, além da Associação Brasileira

de Defesa do Consumidor (Pro Teste) e o Procon-SP divulgaram nota

(ao lado) condenando a proposta.

Para o presidente da AMB, José Luiz Gomes do Amaral, o rol

de procedimentos amparado pela legislação atual é inegociável, não

podendo, em hipótese alguma, ser reduzido, mas apenas atualizado com

as novas técnicas científicas.

“É uma proposta indecorosa, pois seria impossível a prática da

medicina da maneira segmentada que está sendo proposta”, afirma o

presidente da AMB. Para exemplificar, questiona como ficaria o

atendimento a um paciente com suspeita de infarto do miocárdio,

que necessitasse, portanto, de um eletrocardiograma não permitido

pelo plano.

“É um sinal perigoso, porque a segmentação significa oferecer menos

serviços. Seria um retrocesso, depois que conseguimos garantir o atendi-

mento mínimo. As empresas que oferecem serviços ruins têm que sair do

mercado”, completa a coordenadora jurídica daAssociação Brasileira de

Defesa do Consumidor- Pro Teste, Maria Inês Dolci.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar também não concorda

com a proposta. Informou que apesar de as operadoras alegarem dificul-

dades financeiras, o número de usuários cresceu 10% nos últimos dois

anos, atingindo hoje 42 milhões.