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25

JAMB - JAN/FEV - 2006

Em 2005, a Organização Mundial da

Saúde divulgou um alerta mundial para a

possibilidade da eminência de uma

pandemia por um novo vírus influenza

(H5N1). Até o momento, a gripe aviária já

atingiu países da Ásia, Europa e da África,

sendo que os últimos informes da Organi-

zação Mundial da Saúde referem que 138

pessoas foram infectadas e 94morerramda

doença na Tailândia, Vietnan, Camboja,

Indonésia, China, Turquia e Iraque.

Este vírus altamente patogênico para

as aves ressurgiu em 2003 em diversas re-

giões do Sudoeste Asiático. Milhões de

aves morreram ou foram abatidas,

inclusive aves migratórias, portanto

capazes de disseminação em longas

distâncias. Embora a transmissão deste ví-

rus, entre humanos, ainda não ocorra de

forma eficiente, esta possibilidade existe.

Ocorre transmissão para os humanos atra-

vés da manipulação das aves ou de suas

vísceras, contato com fezes, secreções ou

eventualmente pela água contaminada.

As pandemias de influenza ocorrem

sempre que um novo vírus influenza

acomete a população sem nenhuma imu-

nidade prévia. A disseminação global é

rápida e a mortalidade é elevada. Diferen-

temente do que ocorre anualmente nas

epidemias de gripe, não há faixas etárias

preferenciais.

A pandemia de 1918, conhecida como

a gripe espanhola, com mais de 50 mi-

lhões de mortes, foi causada por um

vírus de origem aviária. Esta recente

descoberta científica reforçou o temor

de que a gripe aviária atual possa sofrer

maior adaptação em humanos e originar

uma nova pandemia.

É importante salientar que a morta-

lidade em 1918 estava relacionada à

pneumonia viral primária e não às com-

plicações bacterianas clássicas da gripe.

As pequenas mutações do vírus

influenza aviário são responsáveis por

alterações importantes na expressão clí-

nica. Assim, o quadro clínico dos casos

de gripe aviária não é semelhante ao da

gripe comum. Os relatos clínicos dispo-

níveis apontam para as seguintes mani-

festações: sintomas iniciais de trato res-

piratório inferior (pneumonia), freqüente

manifestações gastrointestinais ou

encefalite de forma isolada, insuficiência

respiratória e renal. O diagnóstico

laboratorial é mais complexo, muitas

vezes tardio, devido à ausência de vírus

em secreções respiratórias. O antece-

dente epidemiológico dos pacientes de

contato com aves é fundamental.

O tratamento deve ser instituído

precocemente (até 48 horas) para melhor

eficácia e o oseltamivir é a droga

indicada. Não existem estudos clínicos

controlados em infectados por H5N1 e é

provável que sejam necessárias doses

maiores, por tempo mais prolongado,

além do monitoramento de resistência

antiviral. Dessa forma, a estocagem

individual deve ser desestimulada. A

profilaxia de familiares e profissionais

de saúde envolvidos diretamente na

assistência é recomendada.

Não há documentação de ocorrência

de surtos do vírus H5N1 em aves nos

países daAmérica do Norte e daAmérica

do Sul no momento, mas recomenda-se a

investigação de pacientes sintomáticos

provenientes de viagens internacionais

das áreas de risco, com histórico de con-

tato com aves. As medidas de precaução

de contato e respiratória devem ser insti-

tuídas para prevenção de futuras trans-

missões e o caso notificado às autorida-

des sanitárias.

A vacina da gripe atualmente disponí-

vel não atua contra a infecção por H5N1.

Diversos produtores mundiais de vacina

estão envolvidos na pesquisa e desenvol-

vimento de vacina eficaz contra o H5N1.

Apesar do continente asiático ser a

origemdos casos humanos de gripe aviária,

novos casos de H5N1 em aves ocorreram

este ano em países do Leste Europeu, te-

mendo-se a possibilidade de infecção hu-

mana em outros continentes. Diante do

controle incerto da epidemia de H5N1 e da

possibilidade de maior disseminação da

infecção humana commudança no padrão

de transmissão, é importante que a comu-

nidade médica mantenha-se atenta e infor-

mada para atuar com maior eficiência em

diferentes cenários epidemiológicos da di-

nâmica da infecção doH5N1.

Nancy Bellei

Infectologista e Pesquisadora de

Vírus Respiratórios - UNIFESP

Sites para consulta:

www.who.int/influenza www.cdc.gov/flu/avian www.hhs.gov/nvpo/pandemicplan www.cve.saude.sp.gov.br www.grog.saude.sp.gov.br www.saude.gov.br www.amb.org.br

Pandemia de Influenza - Gripe Aviária

Fotos: divulgação

Fotos: divulgação