JAMB
MARÇO/ABRIL DE 2001
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uando olho para trás, vejo que tive
o privilégio de lutar pelas causas
em que acreditei e consegui al-
cançar muito do que pretendia.
Posso dizer que fui ricamente abençoado,
porque, sempre que auscultomeu coração,
encontro felicidade e paz, aliadas ao senti-
mento de realização profissional e pesso-
al”. Este trecho da autobiografia “Ummédi-
co, uma vida”, livro recém-lançado deDaher
Elias Cutait, demonstra claramente seu sen-
timento de amor e dedicação à profissão
do cirurgião, considerado um dos mais im-
portantes na história damedicina brasileira.
Aobra narra a sua vida pessoal e profissio-
nal, desde a infância vivida nas ruas do bairro
do Ipiranga, emSãoPaulo, ondenasceu. Gra-
duado pela Faculdade de Medicina da Uni-
“Um médico, uma vida”
versidade de São Paulo, com-
pletou sua formação cirúrgica
nos Estados Unidos, onde se
interessoupelacirurgiadoapa-
relhodigestivo. Ao retornar ao
Brasil, desenvolveu uma téc-
nica operatória cujos resulta-
dos a tornaram respeitada e
amplamente utilizada em vá-
rias partes domundo. Emres-
peito, foi agraciado como
membro de dezenas de soci-
edades médicas estrangeiras
e do Brasil. Presidiu as princi-
pais entidades médicas de sua especialida-
de, conquistando também importantes con-
decorações, entre elas a Medalha do Mérito
Médico, conferida pela AMB. Até 1965 exer-
ceu suas atividades profissio-
nais emhospitais de São Pau-
lo, entre eles oHospital Mata-
razzo, Beneficência Portu-
guesa e Oswaldo Cruz. Uma
de suasmaiores obras, noen-
tanto, foi participar da implan-
tação do Hospital Sírio-Liba-
nês, em 1965, contribuindo
para torná-lo um dos cen-
tros de excelência do País.
“Minha vida foi voltada à
minha profissão. Não sei se
posso considerar-me um
workaholic,
mas posso afirmar que sempre
trabalhei comperseverança. À noite, ao dei-
tar-me, quandome pergunto sobre o que fiz
hoje, tenho quase sempre um sentimento
positivo. Dificuldades e barreiras sempre es-
tiveram presentes na minha vida, mas nun-
came abateram. Ao contrário, consolidaram
e apurarammeu espírito combativo”, afirma
Daher na apresentação de sua obra.
Aos 87 anos, mantém sua atividade
como diretor clínico do Hospital Sírio-Li-
banês e nem pensa em parar de trabalhar.
Por isso escreveu esse livro, com o intuito
de contribuir com a nova geração.
“Com a serenidade de quem se dedi-
cou integralmente ao exercício da medici-
na, com paixão e honestidade, deixo al-
guns depoimentos neste livro, onde pro-
curei apenas registrar o que a vida me pro-
porcionou, minhas alegrias, realizações e
frustrações, tanto no plano pessoal, como
no científico e acadêmico”, completa.
“