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o mês de abril, o lançamento do
movimento Aliança Pesquisa Clí-
nica Brasil, na cidade de São Paulo,
marcou o início de uma mobiliza-
ção entre associações profissionais,
associações de pacientes, pesquisadores e ins-
titutos de desenvolvimento de projetos em
pesquisa clínica. Sob o mote “Juntos pela éti-
ca, saúde e inovação”, o objetivo da aliança é
envolver a sociedade na discussão a respeito
da importância da pesquisa clínica e de como
a ineficiência do sistema regulatório no Brasil
vem fazendo o país perder posições no
ranking
dos principais centros mundiais da área.
O representante do comitê gestor da
Aliança Pesquisa Clínica Brasil, o bioquímico
Vítor Harada, destacou algumas medidas que,
se incorporadas ao processo de regulação vi-
gente, poderão facilitar o acesso a tratamentos
de ponta por pacientes e pesquisadores nacio-
nais: “a descentralização do poder decisório
sobre as análises, a uniformidade das normas
legais, a comunicação eficaz entre governo e
pesquisadores, o cumprimento de prazos e a
agilidade dos serviços alfandegários”.
A lentidão do sistema é considerada um
dos principais responsáveis por frear o de-
senvolvimento da ciência nacional. Compa-
rado com outros países, o processo de ava-
liação de um projeto de pesquisa, que leva
cerca de dois meses nos Estados Unidos e
entre dois e três meses em países europeus,
chega a levar um ano no Brasil. Essa é uma
das razões que fazem a indústria farmacêuti-
ca diminuir seu interesse na inclusão do país
em seus estudos, que acabam sendo realiza-
dos sem referências do biotipo da população
brasileira para a produção de novos medica-
mentos e tratamentos.
Assim, enquanto representa a sétima eco-
nomia mundial e o sexto maior mercado far-
macêutico, o Brasil ocupa a 15º posição no
ranking
mundial de registros de pesquisas
clínicas, distante dos líderes Estados Unidos,
Canadá, Alemanha e França, e atrás de paí-
ses de menor porte econômico, como Bél-
gica, Dinamarca e Israel. “Acreditamos em
uma adesão massiva, pois são diversos os se-
tores da sociedade que se sentem prejudica-
dos pela lentidão da atual regulação. O Brasil
está perdendo competitividade e deixando
de aproveitar seu imenso potencial de pro-
dução de conhecimento e inovação”, comple-
tou Harada.
Aliança Pesquisa Clínica
Brasil propõe modelo
regulatório de estudos
clínicos mais eficiente e
menos burocrático
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JAMB
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maio/junho
2014