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Presidente da Sociedade Brasileira de Medicina

Nuclear (SBMN), possui graduação pela Faculdade

de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)

e, atualmente, é professor doutor do Departamento

de Radiologia da Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A SBMN filiou-se à AMB no ano passado. Como isso

pode contribuir para a especialidade?

A filiação da SBMN à AMB, conquistada há um ano, em

setembro de 2013, sem dúvida representa um marco na

história da entidade, em especial no que cabe à qualifi-

cação e ao fortalecimento da medicina nuclear (MN) e

de seus médicos no Brasil. Por causa dessa vitória, foi

possível realizar, pela primeira vez, o exame de suficiên-

cia para obtenção do Título de Especialista. Os candida-

tos aprovados passaram a obter o título com a chance-

la SBMN/AMB. Isso representa um passo à plenitude da

Sociedade como entidade representante da especialida-

de no país. Até o ano passado, éramos representados pelo

Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), mas pelas espe-

cificidades notórias da MN, tornou-se essencial essa au-

tonomia da SBMN. Ao todo, foram 41 inscritos de dife-

rentes regiões, que foram avaliados com base em seus

conhecimentos sobre cintilografia; PET e SPECT/CT; f í-

sica aplicada à MN; bem como a respeito dos aspectos

diagnósticos da MN e de todos os procedimentos

in vivo

e

in vitro

, incluindo terapias com radionuclídeos, além da

radioproteção.

Quais os principais desafios que a especialidade en-

frenta no país atualmente?

Sem dúvida, o principal desafio é o registro de radiofár-

macos, um assunto que, infelizmente, não tem evoluído

nos últimos quatro anos, desde que foi publicada a legis-

lação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

a esse respeito. Outro desafio é ampliar o número de indi-

cações de PET-CT, que constam no rol da Agência Nacio-

nal de Saúde Suplementar (ANS) e são remuneradas pe-

las operadoras e planos de saúde. Nos Estados Unidos, por

exemplo, o PET-CT é remunerado em mais de cinquenta

indicações. No Brasil, esse número está limitado a oito. O

próprio SPECT–CT, que é um procedimento em uso cres-

cente no mundo há vários anos, sequer consta nas tabelas

de convênio. O incremento do ensino da MN na grade de

formação médica também é fundamental no processo de

crescimento da especialidade no país. No Brasil, há pou-

cas faculdades de medicina que dispõem da disciplina Me-

dicina Nuclear.

Você considera satisfatória a qualidade dos programas

de residência da especialidade?

A qualidade apresentada nos Programas de Residência Mé-

dica (PRMs) é alta, de modo geral. Entretanto, o número ain-

da é muito limitado para a demanda de profissionais a serem

formados no país. Essa deficiência, na maioria, é suprida por

cursos de especialização promovidos por instituições parti-

culares de ensino. A fragilidade refere-se ao fato de, nesses ca-

sos, não haver uma interação entre os médicos que praticam

MN e cardiologistas, nefrologistas, hematologistas, entre ou-

tros especialistas que têm relação integrada com a MN.

Qual é a avaliação que pode ser feita dessa última gestão?

Em relação à gestão 2011-14, que se encerra ao final deste ano,

o resultado apresentado foi extremamente positivo. A SBMN

publicou dois livros, que tiveram sua concepção iniciada pela

diretoria anterior: o primeiro conta os 50 anos de história da

Sociedade e o segundo é o

PET e PET-CT em Oncologia

. No

âmbito educacional, houve a criação do Curso Intensivo Teó-

rico-prático de PET–CT, que já está em sua sexta edição. Essa

era uma antiga necessidade dos médicos nucleares do país, que

agora foi suprida. Também foi criado o Curso de Atualização

Técnica, que está em sua quarta edição, e o Congresso pas-

sou a ter periodicidade anual em 2012. Também tivemos for-

te atuação na busca por estratégias de manutenção do acesso

ao molibdênio (Mo-99) no país, um radioisótopo usado como

matéria-prima para a geração do tecnécio-99m (Tc-99m), em-

pregado na MN para o diagnóstico de diversas doenças. Além

disso, houve o aperfeiçoamento dos canais de comunicação

institucionais da SBMN, que visam a estreitar nossos laços

com os médicos nucleares e demais profissionais ligados à es-

pecialidade, bem como com fornecedores e demais parceiros.

Os valores dos principais procedimentos da especialida-

de pagos atualmente contemplamos anseios da categoria?

Não contemplam. Os custos têm aumentado progressivamen-

te, sem haver reajuste do Sistema Único de Saúde (SUS), ape-

sar de solicitações da Sociedade aoMinistério da Saúde. O pró-

prio governo induz o aumento de custo com exigências cada

vez maiores, sem contrapartida da tabela SUS. Houve aumen-

to do custo do gerador de tecnécio pelo próprio governo, mas

não um aumento do ressarcimento, gerando uma discrepância

nessa relação.

Celso Darío Ramos

Entrevista

AMB

4

JAMB

Setembro/outubro

2014