D
esde 2009, o Brasil perdeu 4.086
leitos para gestantes no Siste-
ma Único de Saúde (SUS). A que-
da também ocorreu em hospitais
particulares conveniados, dimi-
nuindo em 36,5% sua capacidade de aten-
dimento. Atualmente, os hospitais tendem
a direcionar os recursos para o tratamento de
pacientes de maior complexidade, que têm um
custo mais elevado, para viabilizar a receita.
Para a realização de um parto normal, pa-
gam-se aos profissionais cerca de R$ 690. Já
para um procedimento cardíaco, o valor é
de R$ 1.200, não incluindo diárias e outros
custos. O gasto médio de um plano de saú-
de para uma cesárea eletiva agendada é de
R$ 3.753. Entretanto, para o tratamento de
um paciente com câncer, o custo é de R$
18.007. Essas comparações demonstram, em
valores, o interesse alegado pelos hospitais em
investir em áreas consideradas mais rentáveis.
Hospital-referência emobstetrícia, o Santa
Catarina, emSão Paulo, fechará amaternidade
em outubro. A Santa Casa de Belo Horizon-
te, para evitar o mesmo destino, lançou cam-
panha na internet e negocia ajuda vinda do
governo; porém, novas consultas já não são
marcadas. Segundo o presidente da AMB,
Florentino Cardoso, é urgente a necessida-
de de os setores competentes dimensionarem
adequadamente os leitos públicos e privados
no Brasil. “Além disso, é preciso também es-
tratificar por áreas. Caso isso não ocorra, vai
piorar ainda mais a carência de leitos para
obstetrícia e pediatria. Certamente, nesse ce-
nário, necessitaremos de modelos remunera-
tórios atualizados em relação aos existentes
hoje.”
A falta de vagas gera uma peregrina-
ção de grávidas em busca de um leito, e vá-
rias chegam a ficar horas afastadas dos bebês.
“Isso precisa mudar. O Brasil necessita profis-
sionalizar a gestão na saúde, assim como exi-
gir regulação do setor privado pela Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS)”, fina-
liza Cardoso.
■
Em cinco anos,
mais de 4 mil
leitos
para
gestantes
foram
fechados
freeimages.com
10
•
JAMB
•
Setembro/outubro
2014