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SETEMBRO/OUTUBRO 2012
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SETEMBRO/OUTUBRO 2012
entrevista
JoséMarianoS.deMoraes
Foto: Divulgação/SBA
Formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora em 1979, atualmente
é diretor dos hospitais Monte Sinai e Terezinha de Jesus, em Juiz de
Fora, além de professor responsável pela residência médica e disciplina
de anestesiologia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Foi diretor
do Departamento de Defesa Profissional da Sociedade Brasileira de
Anestesiologia (SBA) e vice-presidente em 2011. No início deste ano
assumiu a presidência da entidade e concedeu esta entrevista ao Jamb.
Quais são as principais metas
durante sua gestão?
José Mariano S. de Moraes
–
Pretendemos, junto ao Ministério
da Saúde, melhorar a remuneração
dos procedimentos do SUS quan-
to à baixa e média complexidade.
Também esperamos conseguir a
criação de uma resolução com
força de lei para estabelecer condi-
ções mínimas de segurança para
o ato anestésico, de forma que a
ANVISA possa exigir dos estabe-
lecimentos hospitalares condições
mínimas de estrutura, de tecnolo-
gia e de processos de serviços para
que o procedimento transcorra da
forma mais segura possível. Na
vertente científica, o nosso grande
objetivo é estruturar um centro de
simulação realista, onde não só os
associados na fase de graduação,
mas também os que já vivenciam a
prática diária, possam se reciclar e
atualizar com as recentes tecnolo-
gias e novos procedimentos.
Quais os principais problemas
enfrentados pela especialidade
hoje no país?
José Mariano S. de Moraes
– No
setor público são as más condições
de trabalho em algumas institui-
ções. Na saúde suplementar é a
não implantação da CBPHM como
forma de remuneração digna.
Estamos junto com a AMB, CFM e
FENAM nos mobilizando e traba-
lhando junto à ANS buscando que
os contratos de trabalho entre
operadoras e prestadores de servi-
ço contenham algumas cláusulas
fundamentais, tais como o direito
à reajuste ou correção anual nos
valores de procedimentos médi-
cos. Hoje, a prática de remunera-
ção está tão desorganizada que a
mesma fonte pagadora tem regras
diferentes para pagamentos inte-
restaduais de um mesmo tipo de
procedimento.
A anestesiologia é referência
entre as especialidades pela união
em defesa de honorários dignos.
Como foi chegar a esse ponto?
José Mariano S. de Moraes
– A
SBA realmente se destaca dentre as
demais especialidades, principal-
mente pela união dos seus asso-
ciados. Isso pela ação dos colegas
que anteriormente ocuparam o
segmento da defesa profissional e
souberam atuar de forma efetiva.
Outro ponto é que o anestesiolo-
gista dificilmente compete por um
paciente com outro, diferentemen-
te do que acontece eventualmente
com algumas especialidades, o que
dá margem de ação por parte das
fontes pagadoras.
A
atual
qualificação
do
programa de residência no país é
satisfatória?
José Mariano S. de Moraes
–
Temos basicamente duas formas
de pós-graduação: formação pela
SBA, por meio dos centros de
ensino e treinamento que hoje
somam 96 no país ou pelo Minis-
tério da Educação que é a residên-
cia médica. Muitas residências são
acopladas MEC e CET, outras são
apenas MEC e outras CET. Nosso
objetivo é aproximar e harmonizar
as exigências de ambos, fazendo
com que todo o programa de pós-
graduação em anestesia no país
seja feito por uma ação conjunta
do MEC e SBA, onde o MEC ficaria
responsável pelo suporte financei-
ro e a SBA pela formação teórica e
técnica desses residentes.
Em que nível podemos situ-
ar a anestesiologia exercida hoje
no Brasil se comparada a outros
países?
Está
suficientemente
desenvolvida?
José Mariano S. de Moraes
–
Sem dúvida, a anestesia brasilei-
ra, principalmente nos grandes
centros, é comparada a países de
primeiro mundo. Infelizmente,
em decorrência da má distribuição
e do subfinanciamento da saúde,
em alguns locais no Brasil, mesmo
em grandes centros, não atingimos
a qualidade desejada. No geral, em
termos de conhecimento tecnoló-
gico, temos no Brasil o mesmo que
em qualquer lugar do mundo.
Que tipo de educação médica
continuada a SBA oferece aos seus
associados?
José Mariano S. de Moraes
–
Temos diversos programas de
educação continuada: a Revista
Brasileira de Anestesia, edições
de livros - uma média de quatro
novos por ano - vídeoaulas, jorna-
das oficiais da SBA e o Congresso
Brasileiro, que é anual. No portal
da SBA praticamente temos todas
as aulas dos cursos de formação em
forma de vídeo.