NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012
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entrevista
Ademar Lopes
Foto: Arquivo Pessoal
Graduado pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro, estagiou no Memorial
Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova Iorque. É diretor do Departamento de
Cirurgia Pélvica do Hospital A.C. Camargo e professor responsável pela Disciplina
de Oncologia da Universidade de Mogi das Cruzes, professor orientador do curso
de pós-graduação em Ciências da Fundação Antônio Prudente, coordenador do
Programa de Residência Médica de Cancerologia Cirúrgica do Hospital A.C.
Camargo. O atual presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica
(SBCO) concedeu a seguinte entrevista ao Jamb.
NOVE BRO/DEZE BRO 2012
A formação do oncologista
hoje é satisfatória ou deficiente?
A residência é apropriada?
Ademar Lopes
– Existem
programas de residência médica que
não ficam devendo nada aos melho-
res centros do mundo, porém existem
alguns que eu julgo deficientes. Há
uma tendência no país de substituir
a qualidade pela quantidade, desde
a formação básica até a graduação, e
isto também se aplica aos programas
de residência médica. O dimensio-
namento do mercado de trabalho, a
efetiva participação das sociedades
junto à CNRM, no credenciamento
de novos programas e fiscalização dos
já existentes, são fundamentais para
evitar e corrigir possíveis distorções.
O ensino na graduação contem-
pla as necessidades do país?
Ademar Lopes
– Os médicos
generalistas que estão nos postos de
saúde ou no PSF têm papel fundamen-
tal no diagnóstico precoce, para isto eles
precisam estar muito informados sobre
os fatores de risco, a história natural da
doença, osmétodos de diagnóstico, para
que possam encaminhar corretamente
os pacientes. Nestas tarefas, o Estado e a
Sociedade comoumtodoprecisamestar
engajados. Não mais que meia dúzia de
Faculdades de Medicina tem a Onco-
logia como disciplina obrigatória em
sua grade curricular. É preciso formar
médicos que pensem oncologicamen-
te, o papel do médico generalista no
diagnóstico precoce é fundamental. O
“ensino” básico de Oncologia fragmen-
tado, vendo alguns casos nas diversas
especialidades, não é capaz de formar
este médico que o país precisa. O MEC
precisa despir-se do corporativismo e
colocar a disciplina de Oncologia como
matéria obrigatória na grade curricular
em todas as escolas médicas.
Quanto à remuneração, tanto
no SUS como no sistema privado,
os procedimentos estão adequa-
dos ao trabalho realizado pelo
médico oncologista?
Ademar Lopes
– É lamentável
que a remuneração do médico repre-
sente um componente tão pequeno
quando comparado com os custos
com o diagnóstico e tratamento de
uma determinada doença. Há pouco
tempo vi a entrevista de um colega
médico, à época dono de uma das
maiores seguradoras de saúde do
país e considerado pela revista Forbes
como uma das grandes fortunas do
mundo, dizer que uma das razões
de seu sucesso é que no seu negócio
a mão-de-obra era barata. Com este
exemplo é desnecessário mais comen-
tários sobre a remuneração dos médi-
cos pelos planos de saúde.
De que forma atua a SBCO,
especialmente em defesa da
especialidade?
Ademar Lopes
– As principais
metas são: aumentar o número de
sócios, melhorar a tabela de remune-
ração dos procedimentos da cirurgia
oncológica, ter uma maior partici-
pação do cirurgião oncologista nos
CACONS, fazer um grande congresso
da especialidade. Para sermos mais
fortes e ouvidos precisamos crescer; até
o final deste ano, ou seja, na metade do
meu mandato já teremos duplicado o
número de associados e de regionais da
SBCO. Para afiliar-se à SBCO entre em
contato conosco pelo site
www.sbco.
com.br. Em conjunto com ABIFICC,
representantes do Ministério da Saúde
e do CONSINCA, reformulamos a
tabela de procedimentos em cirurgia
oncológica. Esta proposta, que hoje
está no Ministério da Saúde, não é a
ideal, mas há uma melhora significa-
tiva da remuneração dos profissionais
e também das instituições relativas a
procedimentos cirúrgicos. Há uma
promessa do Ministério da Saúde
de aprová-la até o final deste ano.
A SBCO lutará pelo fortalecimento
dos Centros de Alta Complexidade
em Oncologia e reivindicará junto
ao Ministério da Saúde a presença
nestes centros de maior número de
colegas com título de especialista na
área e não que apenas assinem um
documento necessário para sua aber-
tura e funcionamento.
A SBCO prepara um enor-
me congresso no próximo ano.
Onde será?
Ademar Lopes
– Em 2013, de 17
a 19 de outubro, estaremos organizan-
do no Hotel Maksoud Plaza, em São
Paulo, o XI Congresso da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Oncológica. Em
conjunto realizaremos também o VIII
Gastrointestinal Cancer (GASTRIN-
CA), o IX Simpósio Internacional
de Câncer do Aparelho Digestivo
(PECOGI), e também o primeiro
Congresso do Núcleo Multidiscipli-
nar de Apoio à Cirurgia Oncológica
(NUMACO), envolvendo enferma-
gem, nutrição e fisioterapia. Convi-
do você a participar deste evento:
www.congressosbco.com.brou pelos
telefones 11-37583821 ou 37584428.