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NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012
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NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012
entrevista
Gustavo P. Fraga
Foto: Divulgação
Graduado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em 1992, fez
residência em Cirurgia Geral (1993 e 1994) e especialização em Cirurgia do
Trauma (1995 e 1996). Fez Mestrado (2001) e Doutorado (2004) na Unicamp,
e pós-doutorado (2007-2008) na Universidade da Califórnia, San Diego, com
bolsa FAPESP. É professor assistente do Departamento de Cirurgia da FCM –
UNICAMP e coordenador da disciplina de Cirurgia do Trauma. Atualmente
é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao
Traumatizado (SBAIT), tendo sido eleito presidente para o mandato 2013-2014.
O Sr. assumirá a presidência
da SBAIT em 2013. Quais são seus
planos para a entidade?
Gustavo P. Fraga
– Resumida-
mente, a diretoria eleita, que será
encabeçada por mim, traçou como
metas: criar espaços no maior
número de câmaras técnicas ou
comissões nas entidades que discu-
tem assuntos relacionados ao trau-
ma; rediscutir o programa de resi-
dência médica em área de atuação
em cirurgia do trauma; criar um
grupo de associados consultores
para trabalhar junto ao Ministério
da Saúde e Ministério da Educa-
ção; continuidade de ações para
criação de regionais e realização de
eventos nacionais e internacionais,
cursos de capacitação e congres-
sos em diferentes estados do Brasil
e no exterior, além de estreitar o
relacionamento com sociedades
nacionais e internacionais.
Quais os principais problemas
enfrentados pela área no país?
Gustavo P. Fraga
– Desde 2003,
a cirurgia não é mais considera-
da uma especialidade no Brasil,
mas sim uma área de atuação da
Cirurgia Geral. Esse é um assun-
to complexo, que inclusive já vem
sendo discutido na Comissão
Mista de Especialidades. O Brasil é
o único país do mundo que temos
conhecimento que forma um cirur-
gião geral em apenas dois anos.
Esse é o maior problema, pois seria
necessário ao menos mais dois
anos até o R4 para melhor capaci-
tação. Essa solicitação já foi feita
pela SBAIT e está sendo avaliada
pelo Colégio Brasileiro de Cirurgi-
ões, e esperamos uma resposta para
que já em 2013 o programa de área
de atuação em cirurgia do trauma
tenha dois anos de duração.
Em que nível podemos situar a
área hoje nos país? Comparativa-
mente a outros países, como nos
encontramos?
Gustavo P. Fraga
– Podemos
dizer que o Brasil tem profissio-
nais muitos bem capacitados. Nos
países desenvolvidos existe um
diferencial que é a medida mais
efetiva para reduzir a mortalidade
e complicações em vítimas de trau-
ma: a organização dos sistemas de
trauma. Sistemas de trauma exis-
tem nos Estados Unidos há mais
de 40 anos, e só agora isso está
acontecendo no Brasil. Mas não é
só de organização que precisamos.
Temos que melhorar a qualificação
de recursos humanos, começan-
do pela graduação dos cursos das
áreas de saúde. O ensino de emer-
gência deve ser obrigatoriamente
inserido nos currículos com carga
horária prática adequada. Temos
que avançar também na área
acadêmica, com mais pós-gradua-
ção e formação de professores em
cirurgia do trauma. E obviamente
que para avançar precisamos de
mais recursos do SUS nos hospi-
tais públicos. Ou seja, o Brasil
ainda é um país emergente na área
de cirurgia do trauma, com grande
potencial para o futuro.
Paralelamente ao novo cargo
na SBAIT, também será o respon-
sável pela Comissão de Trauma
da AMB. Planeja alguma ação
específica?
Gustavo P. Fraga
– Vamos
nos reunir com a Diretoria da
AMB para traçar metas conjun-
tas de atuação. Temos que articu-
lar ações com outras especialida-
des médicas. As que eu considero
mais importantes são intervenções
relacionadas à prevenção. Preci-
samos articular isso com as Ligas
do Trauma, presentes na maio-
ria das escolas médicas do país.
Também iremos trabalhar com a
AMB a capacitação e treinamento
dos profissionais para a urgência e
emergência, também com atuação
multidisciplinar.
A AMB está reativando a
Comissão Operatória que passa-
rá a ser denominada Comissão de
Desastres. Como a SBAIT poderá
auxiliar essa comissão?
Gustavo P. Fraga
– A SBAIT
foi a primeira sociedade médica
no Brasil a discutir esse assunto,
em 1999, época em que realizou
grandes simulados com o Corpo
de Bombeiros, Polícia Militar, o
recém-implantado SAMU, e vários
outros parceiros. A SBAIT têm
muitos de seus sócios com experi-
ência nesse assunto e pode ajudar
a AMB na implantação de proto-
colos e implementar treinamentos
em vários pontos do Brasil.