4
NOVEMBRO/DEZEMBRO 2010
entrevista
José Carlos Collares Filho
Foto:Sebastião jacinto Jr.
Qual a sua impressãosobreoassocia-
tivismo atual? Acha que as entidades
estão cumprindo o seu papel?
O associativismo é importante e faz,
sim, a diferença. O grande problema
é que muitos colegas ainda não perce-
beram isso e só nos procuram quando
enfrentam algum tipo de dificuldade.
Aí, descobrem que podemos ajudá-
los. Precisamos descobrir como atrair
mais médicos para as entidades, como
mostrar a eles os valores agregados que
cada instituição oferece. Existem bene-
fícios tangíveis, que ultrapassam inclu-
sive o valor da anuidade. Na AMMG,
temos realizado encontros periódicos
com representantes de Sociedades de
Especialidade e Associações Médicas
do interior para divulgar o trabalho
que estamos realizando e ouvir críti-
cas e sugestões. Além disso, firmamos
parceria com outras instituições e
empresas. Com essas estratégias, nosso
número de associados cresceu 23,6% de
dezembro de 2005 a dezembro de 2009.
E a adimplência praticamente dobrou
no mesmo período. Hoje, dos 36,8 mil
médicos do Estado, mais de 20 mil são
nossos associados.
Por que o número de associados não
aumenta na mesma proporção que o
número demédicos?
R -
Essa pergunta está diretamen-
te relacionada à anterior. A filiação às
associações médicas é opcional. Então,
nunca teremos a totalidade de médicos
associados. Para incentivar a filiação, a
AMMG isenta os recém-formados da
anuidade em seu primeiro ano de exer-
cício profissional. O grande desafio,
porém, é conseguir mostrar aos médicos
Graduado em 1969 pela Universidade Federal de Minas Gerais
com especialização em medicina nuclear, o patologista clínico
José Carlos Collares Filho já presidiu o Conselho Regional de
Medicina de Minas Gerais e a Unicred-BH. Em 2005, foi eleito
à presidência da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG),
onde cumpre atualmente o seu segundo mandato. Acompanhe a
sua entrevista ao Jamb.
em geral a importância do associativis-
mo e os benefícios (diretos e indiretos)
que as entidades médicas oferecem.
Quais os principais benefícios que a
AMMG oferece aos seus associados?
R -
Atualização científica e educação
continuada é o principal deles. Temos a
Biblioteca Virtual CDC
(www.cdc.inf.br), que oferece trabalhos publicados nas
melhores revistas médicas do mundo.
São mais de 7 mil títulos de periódicos
em todas as especialidades, disponíveis
para médicos de todo o Brasil. Milhares
de artigos são totalmente gratuitos e a
AMMG ainda oferece um bônus de R$
600 por ano para cada associado quite
adquirir trabalhos a sua escolha. Merece
destaque o trabalho de nossa Comissão
Estadual de Defesa do Médico, que há
quase 20 anos presta assessoria jurídica
gratuita a médicos injustamente acusa-
dos por pacientes, com elevado índice de
sucesso. Oferecemos também plano de
saúde com30%de desconto para associa-
dos e seus dependentes; central de seguros
e previdência privada; MBA em parceria
com a Fundação Getúlio Vargas, além de
uma série de convênios. A AMMG atua
ainda em grandes questões que resultam
em benefícios para toda a classe, como a
valorização das residências médicas e a
luta por melhores honorários médicos e
condições de trabalho.
Como é a relação da AMMG com o
Sindicato dos Médicos e o Conselho
Regional em seu Estado?
R -
Trabalhamos em parceria. A
Comissão Estadual de Honorários
Médicos tem representantes do CRM e
do Sindicato. A Semana do Médico, que
reúne uma série de eventos no mês de
outubro, é uma promoção das três enti-
dades mineiras. Grandes movimentos
médicos, que envolvem a valorização
profissional, também são fruto dessa
integração. Cada uma dessas três enti-
dades, com suas especificidades e áreas
de atuação próprias, desempenha o seu
papel e conta com o apoio das demais.
Um símbolo dessa integração foi o
recente lançamento da revista “Médi-
co das Gerais”, agora em seu segundo
número. Juntos, AMMG, CRM e Sindi-
cato são mais fortes e têm maior repre-
sentatividade.
ComoMinasGerais atuana implanta-
ção da CBHPM?
R -
O movimento pela CBHPM em
Minas enfrenta uma denúncia de carte-
lização feita pelo Sindicato Nacional
das Empresas de Medicina de Grupo na
Secretaria de Direito Econômico (SDE/
Cade). Desde julho de 2005, estamos
impedidos de pressionar operadoras de
planos e seguros de saúde pela adoção
da CBHPM. Mesmo assim, conseguimos
importantes conquistas. Os honorários
médicosmelhoraram, embora aquémdas
expectativas. O valor médio da consul-
ta eletiva em consultório, por exemplo,
cresceu acima da inflação – represen-
tando um ganho real para os médicos. A
Comissão Estadual de Honorários Médi-
cos reúne-se semanalmente, de forma
ininterrupta, desde 2003. No último mês
de abril, reunimos na AMMG lideranças
médicas de todo o Brasil para o Fórum
Nacional sobre a CBHPM. Foi um evento
riquíssimo, em que pudemos comparti-
lhar experiências e aprender com colegas
de vários estados.