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A

pós o lançamento do programa de

Apoio ao Médico Estrangeiro, em

fevereiro, profissionais cubanos

enviados a missões internacionais

semelhantes ao programa Mais

Médicos entraram em contato com a enti-

dade para solicitar assistência e confirmar

a precariedade das condições descritas pela

médica Ramona Matos Rodriguez, primeira

profissional acolhida pela Associação.

Exclusão do Mais Médicos

Exilado no Brasil desde 2009, Raul Ernesto

Mock Pol fugiu da Venezuela junto com ou-

tros colegas cubanos. “Eu não estava concor-

dando com algumas direções da missão, de-

cisões que envolviam fraudes e estatísticas

enganosas. Trabalhávamos em um formato

de semiescravidão por um salário miserável

e praticamente sem estrutura”.

Experiente em ações no exterior, Raul já

havia sido enviado para o Zimbábue e afir-

ma que as missões supostamente humanitá-

rias encabeçadas por Cuba têm cunho forte-

Cubanos exilados

endossam posição da AMB

mente político. “Nos dois primeiros anos do

curso de medicina tivemos muitas discipli-

nas políticas; faz parte do currículo da uni-

versidade”, comenta.

Segundo Mock Pol, os cubanos discordan-

tes do regime político da ilha estão sendo rejei-

tados na seleção do programa Mais Médicos:

“Fui classificado no segundo ciclo, homologa-

do e alocado no município de Santa Isabel, em

São Paulo. Posteriormente, fui procurar a lis-

ta oficial em que eu estava no dia anterior e

eu havia sido excluído da lista. Liguei para sa-

ber, ninguém dava informação, não tive mais

retorno do programa. Todos os meus colegas

que desertaram da missão (da Venezuela) e

que se inscreveram no programa Mais Médi-

cos foram excluídos por alguma causa”.

Asilo negado em 2006

Morando nos Estados Unidos, o cubano Gilber-

toVelazco fez questão de deixar seu testemunho

de desertor das missões médicas. Enviado para

a Bolívia em 2006, Velazco foi um dos 140 mé-

dicos que chegaram ao país para supostamen-

te ajudar em uma ação emergencial de três me-

ses. Somente ao desembarcar é que soube que o

tempo do trabalho seria de dois anos.

“As condições eram péssimas. Um salá-

rio de 100 dólares ao mês, dormindo com pa-

cientes no hospital, sob um regulamento que

proibia contato com imprensa, relacionamen-

to amoroso com nativos bolivianos e cubanos

desertores da colaboração. Ele proibia enviar

para Cuba qualquer informação sobre meu

estado de saúde e só se podia sair do hospi-

tal depois das 6 horas da tarde com autoriza-

ção”, descreve. Assim como no Mais Médicos,

AMB

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JAMB

março/abril

2014