MARÇO/ABRIL 2013
5
Flávio Faloppa
Foto: Divulgação SBOT
Presidente eleito da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia ( SBOT)
em 2013, Flávio Faloppa graduou-se em Medicina pela Universidade Federal de
São Paulo/EscolaPaulista deMedicina (1979), fezmestrado (1985) emOrtopedia
e Cirurgia Plástica Reparadora e doutorado (1988) em Ortopedia e Cirurgia
Plástica Reparadora da EPM/UNIFESP. Professor titular do Departamento de
Ortopedia da Unifesp desde 1995, também presidiu a Sociedade Brasileira de
Cirurgia da Mão e atualmente é o presidente do Conselho Gestor do HU-HSP
da UNIFESP/SPDM. Ele concedeu a seguinte entrevista ao Jamb.
ARÇO/ABRIL 2013
ENTREVISTA
Quais são as suas prioridades à
frente da SBOT?
Flávio Faloppa
– a educação
continuada e a defesa proissional têm
sido as principais preocupações das
últimas diretorias da sBOt. temos
trabalhado cada vez mais na área de
defesa proissional, na valorização do
médico ortopedista buscando, assim,
manter o alto nível da especialidade.
Qual o número de especialistas
no Brasil, ele é suiciente para a nossa
população?
Flávio Faloppa
– Hoje temos pouco
mais de 10 mil proissionais especia-
listas da sBOt. é um bom número de
ortopedistas, entretanto, a distribuição é
inadequada, o que é um problema devi-
do às precárias condições de trabalho
nas localidades distantes das principais
capitais. Para o proissional exercer a
especialidade, necessita de uma estrutu-
ra adequada, como materiais cirúrgicos,
intensiicador de imagem, entre outras
necessidades. com o crescimento da
Ortopedia surgiram subáreas dentro
da própria especialidade que exigem,
no mínimo, dois proissionais no auxí-
lio a determinadas cirurgias, pois não é
possível realizar algumas intervenções
ortopédicas sozinho. e isso diiculta
muito a instalação de indivíduos em
cidades mais longínquas e com estrutu-
ra assistencial precária. Por isso há uma
enorme concentração de ortopedistas na
região sudeste, depois no sul e nas regi-
ões nordeste e norte. no centro-Oeste
a distribuição está mais ou menos equi-
librada.
É adequada a formação do ortope-
dista hoje?
Flávio Faloppa
– O conhecimen-
to cresceu muito na nossa área, como
em toda a medicina. assim, os três anos
de Ortopedia não são suicientes para a
formação proissional, por isso existem
os chamados R4 e R5, que são prolonga-
mentos de ensino após o término da resi-
dência, geralmente nas áreas de subespe-
cialidade. Portanto, os três anosoiciaisde
residênciamédica são insuicientes.
E o número de vagas na residência
é suiciente?
Flávio Faloppa
– nesta ques-
tão também existe uma distribuição
que segue mais ou menos a lógica
da concentração de especialistas no
país, ou seja, é muito grande na região
sudeste - primeiro são Paulo, seguido
de minas Gerais e Rio de Janeiro. Por
outro lado, alguns estados têm núme-
ros reduzidos de vagas. no amazonas,
por exemplo, há apenas uma residên-
cia. nesses estados deveria ocorrer um
trabalho maior de incentivo e estrutu-
ração para que pudéssemos criar resi-
dências adequadas auxiliando na ixa-
ção desses indivíduos nessas regiões.
A SBOT oferece algum tipo de
educaçãomédica continuada?
Flávio Faloppa
– sim, e essa é uma
das marcas da nossa especialidade.
temos cursos tanto presenciais como
on-line. temos programas on-line ao
vivo para o todo Brasil, disponíveis
uma vez por semana, durante o ano
todo, abrangendo os temas principais
da especialidade. as atividades presen-
ciais também são em número adequa-
do. Fora o congresso Brasileiro de
Ortopedia, que é anual, são oferecidos
eventos nas áreas de subespecialidades
da Ortopedia. temos riquíssimo mate-
rial didático - no ano passado foram
publicados dois livros e, para este, esta-
mos programando outros três, dentro
de um trabalho que visa o suporte ao
ortopedista e ao residente.
Qual o principal problema enfren-
tado pela Ortopedia hoje no país?
Flávio Faloppa
– dentro da espe-
cialidade temos vários problemas como
a remuneração do ortopedista, ilas de
pacientes aguardando cirurgia, inan-
ciamento, leitos para o paciente orto-
pédico. O trauma ortopédico é uma
verdadeira epidemia emnossopaís, com
aumento cada vez maior do número de
pacientes que precisam do atendimento
do ortopedista por causa de acidentes
de trânsito, com destaque aos aciden-
tes de moto. além destes pacientes,
tem ocorrido uma demanda reprimida
muito grande em relação aos pacientes
que não fazemparte dessa urgência. Por
isto, muitos pacientes acabamevoluindo
para sequelas, às vezes deinitivas, por
não conseguir o tratamento adequado.
esse é o maior problema que estamos
discutindo com os órgãos competen-
tes, ministério da saúde e secretarias
municipais e estaduais de saúde. Outro
problema está relacionado aos pacien-
tes que necessitam de prótese. isso é
grave porque a população está enve-
lhecendo, o número de degenerações
e lesões articulares vem aumentando
gradativamente, tendo a necessidade de
cirurgias com próteses principalmente
de quadril, joelho e ombro. isso vem
aumentando num ritmo relativamente
rápido, levando à formação de longas
ilas para realizar tais cirurgias. nestes
casos, além da diiculdade de leitos há
o alto custo dos materiais. e o médico
ortopedista é quem está na linha de
frente, é o indivíduo que tem o contato
com o paciente, mas não tem o poder
de resolver essa questão e esse é outro
grande problema.