MARÇO/ABRIL 2013
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Florentino Cardoso
Presidente da Associação Médica Brasileira
saúde desrespeitada
a associação médica Brasileira tem sido altiva e dinâmica na coerente defesa da nossa
dignidade proissional e na importância da boa formação médica.
no plano internacional temos participado de reuniões da confemel (confederação
médica da américa Latina e caribe), do Fiem (Fórum Íbero-americano de entidades
médicas) e da Wma (associação médica mundial), nas quais contribuímos na discussão
dos problemas comuns entre os países, dos cenários que se apresentam e das perspecti-
vas para que desenhemos melhor o futuro. avançamos com a revisão da declaração de
Helsinque, que fará 50 anos em 2014, devendo ser votada na assembleia Geral da Wma,
que se realizará no ceará de 16 a 19 de outubro vindouro.
em nível nacional, preocupa-nos cada vez mais a posição do governo federal e de
alguns governos estaduais e municipais com a míope percepção de que o “caos” instalado
na saúde pública brasileira ocorre devido aos médicos, especialmente referindo-se à falta
de médicos no Brasil. continua o silêncio, sem respostas às nossas simples indagações:
quantos médicos faltamno Brasil? em que especialidades e áreas de atuação? para trabalhar
onde? sob que condições e com qual remuneração? Fica evidente que estão preocupados
com quantidade e não com qualidade. Precisamos de respostas urgentes e de planejamento
para, pelo menos, os próximos 10 e 20 anos.
Persistem com a deliberada ampliação de vagas em escolas de medicina existen-
tes e abertura de novas, sem que se estabeleçam claros e adequados critérios. Falam em
“recrutar” médicos formados fora do Brasil sem que sejam avaliadas suas competências,
habilidades e atitudes. Preocupados com a qualidade da formação médica no Brasil,
defendemos a avaliação dos egressos das faculdades de medicina e avaliação das escolas
médicas, preferencialmente externa, para ser mais independente.
as superlotações das emergências, aliadas às persistentes longas ilas de espera de pacien-
tes para consultas, exames e cirurgias, os vários exemplos de má gestão e de corrupção na
saúde pública brasileira traduzem a crítica situação que vivemos, sofrendo ainda mais os
menos favorecidos. a saúde suplementar atravessa problemas continuados, principalmente
no que diz respeito à relação entre médicos e operadoras de saúde, teimando em interferir
na autonomia médica e praticando baixa remuneração pelo nosso trabalho.
a amB enileira-se às suas sociedades de especialidade e Áreas de atuação na
importância da boa formação médica, tanto na graduação quanto na pós-graduação,
assim como reitera que precisamos de boas condições para trabalhar, possibilidades de
crescimento proissional, educação médica continuada e remuneração digna.
não nos dobraremos a pressões ou ameaças, pois o que queremos sempre é o melhor
para nossos pacientes, posto que é o que mais nos importa. não nos curvaremos a nada e
sempre estaremos defendendo o melhor para a saúde da população brasileira.
Vamos adiante, pois o tempo urge. a saúde é nosso bem maior e o povo
brasileiro merece respeito.
PALAVRA DO
PRESIDENTE