4
MARÇO/ABRIL 2013
4
ARÇO/ABRIL 2013
ENTREVISTA
nezilourLobatoRodrigues
Foto:
Envolvida no atendimento ao idoso há mais de 20 anos, a médica geriatra
paraenseNezilour LobatoRodrigues assumiu emjulho de 2012 a presidência
da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), cargo que
ocupará até 2014. Mestre, preceptora da residência médica em geriatria
do Hospital Universitário João de Barros Barreto, da Universidade Federal
do Pará, e médica do Ministério da Saúde, Nezilour recebeu em 2011 a
Medalha “Mérito Legislativo Newton Miranda”, da Assembleia Legislativa
do Pará, por seus serviços prestados à sociedade.
Tramita
no
Congresso
o
PLS284/11, que trata dos cuidados ao
idoso. A SBGG é favorável ao projeto?
Nezilour Lobato Rodrigues
– a
sBGGnão só é favorável, como também
é uma das instituições que luta pela
regulamentação da proissão. Reconhe-
cemos que o trabalho do cuidador da
pessoa idosa é de fundamental impor-
tância para o tratamento e reabilitação
do paciente, mas deve ser executado
de maneira correta para evitar compli-
cações na saúde. com o projeto de lei
sancionado, haverá novos postos de
trabalho formal e essas pessoas recebe-
rão treinamento qualiicado garantin-
do, de forma segura, o bem-estar físico,
psíquico e social do idoso.
O número de geriatras no país é
adequado? Em caso negativo, onde há
mais carência?
Nezilour Lobato Rodrigues
– a
Organização mundial de saúde (Oms)
considera ideal que exista um geriatra
para cada 900 idosos, mas no Brasil,
segundo um levantamento da própria
sBGG, a realidade é outra: temos apenas
um geriatra para cada 20 mil idosos, ou
seja, a oferta é grande, mas os médicos
só conseguem preencher 5% do núme-
ro ideal. a previsão, de acordo com o
iBGe, é que em2050 o país possua cerca
de 63 milhões de idosos, aumentando a
necessidade de maior número de prois-
sionais atuando nessa área.
Sobre residênciamédica: onúmero
de vagas é suiciente? Todas são preen-
chidas?
Nezilour Lobato Rodrigues
– em
todo o Brasil existem apenas 21 progra-
mas credenciados na cnRm/mec,
que juntos oferecem 60 vagas e infeliz-
mente nem todas são preenchidas. isso
demonstra ainda a falta de interesse pela
especialidade. Outra questão é o fato de
a disciplina de Geriatria não ser obriga-
tória na grade curricular dos cursos de
graduação em medicina, o que faz com
que os alunos não tenham um maior
contato com a especialidade.
E a atual qualiicação dos progra-
mas é satisfatória?
Nezilour Lobato Rodrigues
– de
acordo com a comissão nacional de
Residência médica (cnRm) - insti-
tuição vinculada ao mec - a Geriatria
é considerada hoje “padrão ouro” da
especialização médica. Quem ingressa
em uma residência em Geriatria deve
ter, no mínimo, dois anos de residência
emclínica médica, o que faz com que a
avaliação seja de alto nível.
Há integração entre os demais
proissionais de saúde no atendimento
ao idoso?
Nezilour Lobato Rodrigues
– Os
médicos de diferentes especialidades
ainda não possuem o hábito de enca-
minhar o paciente idoso para o acom-
panhamento do geriatra, o que torna
difícil a integração das condutas médi-
cas a serem tomadas. e quando se trata
de saúde pública, as unidades e hospi-
tais carecem de proissionais das diver-
sas áreas (enfermeiros, isioterapeutas,
psicólogos, terapeutas ocupacionais,
fonoaudiólogos, etc), com qualiicação
voltada para a área do envelhecimento,
para trabalhar na reabilitação desses
pacientes. é preciso também o envolvi-
mento de proissionais que trabalhem
com a temática do envelhecimento:
arquitetos especializados em projetar
ou readaptar uma casa de acordo com
as deiciências de saúde do idoso; advo-
gados que tratemdas causas envolvendo
a pessoa idosa; além de outros proissio-
nais qualiicados neste ramo.
OCFMpublicouresoluçãoproibin-
doousodemedicamentos antienvelhe-
cimento. Qual a posição da SBGG?
Nezilour Lobato Rodrigues
– a
sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia acredita que esta resolu-
ção irá proteger a população de danos
à saúde com o uso excessivo de hormô-
nios, que podem trazer sérias conse-
quências que vão desde o aumento da
toxicidade no organismo até casos de
câncer. ao longo dos anos presenciamos
abusos e pacientes acreditando numa
falsa segurança de que estariam imunes
ao envelhecimento. Por isso, apoiamos a
resolução do cFm.
A SBGG oferece algum tipo de
educaçãomédica aos seus associados?
Nezilour Lobato Rodrigues
– a
sBGG oferece aos seus associados o
Programa de educação continua-
da pela internet, através do site www.
sbgg.org.br. O Pec disponibiliza aulas
de atualização e ajuda os usuários na
pontuação para a revalidação do títu-
lo de especialista junto à comissão
nacional de acreditação da amB. em
dois anos, mais de 200 associados foram
aprovados na avaliação. além disso,
anualmente ofertamos congressos cien-
tíicos para os proissionais da Geriatria
e da Gerontologia (não somente os asso-
ciados). também fazemos cursos pelo
Brasil nos locais onde é mais necessária
a atuação de nossos proissionais. Uma
novidade é que ainda neste semestre
estaremos lançando o nosso novo site,
com duas homepages: uma destinada
à formação e à atualização proissio-
nal dos nossos associados; e outra com
informações cientíicas com caráter
educativo para o público leigo.
I