Etelvino
de Souza Trindade
Comuma experiência associativa demais de trinta anos, o atual presidente da Federação Brasileira das Associações de
Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) tambémpresidiu a Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Brasília (SGOB) e o Capítulo
doDistrito Federal da Associação Brasileira de Patologia do TratoGenital Inferior e Colposcopia (ABPTGIC/DF). Alémdisso,
foi membro de diretorias da SGOB, ABPTGIC nacional, Febrasgo, do Capítulo doDistrito Federal da Sociedade Brasileira de
Mastologia (SBM), da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB) e da AssociaçãoMédica de Brasília (AMBr). Possui títulos de
especialista emGinecologia e Obstetrícia, Mastologia, AdministraçãoHospitalar e Bioética pela cátedra Unesco. É professor
afastado da Faculdade deMedicina da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) e atua na área de ginecologia oncológica.
Quais as principais metas
da Febrasgo nesta sua gestão?
Trindade –
O foco é o aumento do número de
associados. Para tal, as metas são: organização
administrativa com implantação de sistema gerencial
integrado que facilite o domínio da base de dados;
ampliação da comunicação em via dupla, com captação
de demandas e visibilidade das ações de prestação
de serviços; reconstrução do portal e estimulação
da rede social; coleção Febrasgo, com livros para
cada área especializada; revisão dos manuais
das áreas especializadas; elaboração de normas técnicas;
realização de convênios com academias e serviços
de excelência; participação junto à AMB nas lutas
dos médicos encetadas pelos grandes representantes
da categoria, como o Conselho Federal de Medicina (CFM)
e a Federação Nacional dos Médicos (Fenam); inserção
definitiva da Febrasgo como Federação, assumindo
a representatividade de todos os tocoginecologistas
brasileiros em instâncias e fóruns nacionais.
Quais os principais problemas
enfrentados pela obstetrícia hoje no país?
Trindade –
Se o obstetra não se tornou mais
vulnerável, pelo menos está na mesma linha de
vulnerabilidade extrema dentro das especialidades
médicas. A remuneração pelo parto é ínfima.
A dignidade é comprometida pela desvalorização
do seu trabalho (o custo do registro fotográfico
do parto, em que ele é o ator de maior responsabilidade,
é muito superior ao que ele recebe). Há dificuldade
de se atender demandas da paciente, por
exemplo, por um parto normal, pois há falta
de leitos obstétricos e só se garante a vaga hospitalar
com procedimentos programados. Há o constrangimento
por atuar com viés de risco e saber que será
questionado por qualquer desfecho desfavorável.
Há falta de perspectiva de mudanças em curto
prazo. Tudo isso redunda no desinteresse pela
obstetrícia, seja pelo abandono da prática obstétrica
pelos que a praticam, seja pelo não
suprimento de vagas na residência médica
ofertadas em muitos serviços.
Os valores dos principais
procedimentos da especialidade
pagos atualmente contemplam
os anseios da categoria?
Trindade –
A medicina suplementar remunera
muito aquém do razoável digno. A maioria das
prestadoras de serviços aplica as tabelas antigas.
Se em 2004 pagava-se por um parto em torno
de R$ 300,00, e continua-se pagando o mesmo
valor até hoje, o mínimo seria atualizar a inflação
do período, em torno de quatro vezes mais.
A atual qualificação do programa
de residência em ginecologia
e obstetrícia (GO) é satisfatória?
Trindade –
Sim, e os conteúdos exigíveis
são bons e adequados. No entanto,
não há padronização dos serviços
que fornecem vagas de residência
médica em ginecologia e obstetrícia.
Como atrair os recém-formados
para a Febrasgo?
Trindade –
A Federação se aproximou dos
estudantes de medicina e apoiou a instalação
de entidade de formandos que se interessam
pela área da ginecologia e obstetrícia neste ano.
A entidade está ocupando um espaço privilegiado
de credibilidade pelos serviços que estão sendo
colocados à disposição dos associados. Essa visibilidade
da qualidade irá se impondo, e os recém-formados
perceberão que a especialidade é almejável.
Em que patamar podemos
situar a GO brasileira em nível mundial?
Está suficientemente desenvolvida?
Trindade –
O Brasil ocupa um patamar de excelência
e ombreia com as melhores referências do mundo
na área da GO. Porém, existem problemas
em razão de o país ser continental com níveis de
desenvolvimento assimétrico, o que se reflete
na oferta, na disponibilidade e na qualidade
dos serviços e dos profissionais.
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Arquivo pessoal
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JAMB
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julho/agosto
2013