Background Image
Previous Page  6 / 36 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 6 / 36 Next Page
Page Background

Etelvino

de Souza Trindade

Comuma experiência associativa demais de trinta anos, o atual presidente da Federação Brasileira das Associações de

Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) tambémpresidiu a Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Brasília (SGOB) e o Capítulo

doDistrito Federal da Associação Brasileira de Patologia do TratoGenital Inferior e Colposcopia (ABPTGIC/DF). Alémdisso,

foi membro de diretorias da SGOB, ABPTGIC nacional, Febrasgo, do Capítulo doDistrito Federal da Sociedade Brasileira de

Mastologia (SBM), da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB) e da AssociaçãoMédica de Brasília (AMBr). Possui títulos de

especialista emGinecologia e Obstetrícia, Mastologia, AdministraçãoHospitalar e Bioética pela cátedra Unesco. É professor

afastado da Faculdade deMedicina da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) e atua na área de ginecologia oncológica.

Quais as principais metas

da Febrasgo nesta sua gestão?

Trindade –

O foco é o aumento do número de

associados. Para tal, as metas são: organização

administrativa com implantação de sistema gerencial

integrado que facilite o domínio da base de dados;

ampliação da comunicação em via dupla, com captação

de demandas e visibilidade das ações de prestação

de serviços; reconstrução do portal e estimulação

da rede social; coleção Febrasgo, com livros para

cada área especializada; revisão dos manuais

das áreas especializadas; elaboração de normas técnicas;

realização de convênios com academias e serviços

de excelência; participação junto à AMB nas lutas

dos médicos encetadas pelos grandes representantes

da categoria, como o Conselho Federal de Medicina (CFM)

e a Federação Nacional dos Médicos (Fenam); inserção

definitiva da Febrasgo como Federação, assumindo

a representatividade de todos os tocoginecologistas

brasileiros em instâncias e fóruns nacionais.

Quais os principais problemas

enfrentados pela obstetrícia hoje no país?

Trindade –

Se o obstetra não se tornou mais

vulnerável, pelo menos está na mesma linha de

vulnerabilidade extrema dentro das especialidades

médicas. A remuneração pelo parto é ínfima.

A dignidade é comprometida pela desvalorização

do seu trabalho (o custo do registro fotográfico

do parto, em que ele é o ator de maior responsabilidade,

é muito superior ao que ele recebe). Há dificuldade

de se atender demandas da paciente, por

exemplo, por um parto normal, pois há falta

de leitos obstétricos e só se garante a vaga hospitalar

com procedimentos programados. Há o constrangimento

por atuar com viés de risco e saber que será

questionado por qualquer desfecho desfavorável.

Há falta de perspectiva de mudanças em curto

prazo. Tudo isso redunda no desinteresse pela

obstetrícia, seja pelo abandono da prática obstétrica

pelos que a praticam, seja pelo não

suprimento de vagas na residência médica

ofertadas em muitos serviços.

Os valores dos principais

procedimentos da especialidade

pagos atualmente contemplam

os anseios da categoria?

Trindade –

A medicina suplementar remunera

muito aquém do razoável digno. A maioria das

prestadoras de serviços aplica as tabelas antigas.

Se em 2004 pagava-se por um parto em torno

de R$ 300,00, e continua-se pagando o mesmo

valor até hoje, o mínimo seria atualizar a inflação

do período, em torno de quatro vezes mais.

A atual qualificação do programa

de residência em ginecologia

e obstetrícia (GO) é satisfatória?

Trindade –

Sim, e os conteúdos exigíveis

são bons e adequados. No entanto,

não há padronização dos serviços

que fornecem vagas de residência

médica em ginecologia e obstetrícia.

Como atrair os recém-formados

para a Febrasgo?

Trindade –

A Federação se aproximou dos

estudantes de medicina e apoiou a instalação

de entidade de formandos que se interessam

pela área da ginecologia e obstetrícia neste ano.

A entidade está ocupando um espaço privilegiado

de credibilidade pelos serviços que estão sendo

colocados à disposição dos associados. Essa visibilidade

da qualidade irá se impondo, e os recém-formados

perceberão que a especialidade é almejável.

Em que patamar podemos

situar a GO brasileira em nível mundial?

Está suficientemente desenvolvida?

Trindade –

O Brasil ocupa um patamar de excelência

e ombreia com as melhores referências do mundo

na área da GO. Porém, existem problemas

em razão de o país ser continental com níveis de

desenvolvimento assimétrico, o que se reflete

na oferta, na disponibilidade e na qualidade

dos serviços e dos profissionais.

Arquivo pessoal

4

JAMB

julho/agosto

2013