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J O R N A L D A
A S S OC I A Ç ÃO MÉ D I C A B R A S I L E I R A AMB
- JAN/ FEV -
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A Associação Médica Brasileira e
a Associação Médica do Paraná
(AMP) vão entrar com medidas jurí-
dicas para impedir a criação de novos
cursos de Medicina que não atendam
aos critérios mínimos de qualidade
considerados. De acordo com os
presidentes das entidades, respecti-
vamente, José Luiz Gomes do Amaral
e José Fernando Macedo, esta é uma
iniciativa para garantir a qualidade do
ensino médico no Estado do Paraná e
em todo o País.
“Para que seja considerada quali-
ficada, uma faculdade precisa ter um
hospital próprio, oferta de vagas de
residência médica, unidades ambu-
latorial e de emergência, centros
cirúrgico e obstétrico e profissionais
comprovadamente experientes na
Medicina, para que possam formar
médicos altamente capacitados”,
afirmou Amaral, durante coletiva de
imprensa realizada no dia 19 de feve-
reiro, na sede da Associação Médica
do Paraná, em Curitiba.
“Não se trata de sermos contra a
criação de novos cursos, mas de estar-
mos preocupados com a qualidade dos
que existem e daqueles que solicitam
implantação. Queremos que a popula-
ção entenda que estamos preocupados
comosmédicos que farão o atendimento
aos pacientes”, completou Macedo.
Na avaliação das entidades, não
existe necessidade social de mais
cursos de Medicina no Paraná ou no
Brasil.
“Atualmente, o País conta com
mais de 320 mil médicos, número por
habitante próximo ao registrado nos
países desenvolvidos e muito acima das
possibilidades do sistema de saúde
brasileiro absorvê-los”, avaliou Ama-
ral. Para ele, a abertura de escolas de
Medicina é hoje uma “ação oportu-
nista em uma república permissiva”.
A afirmação veio logo após um
paralelo da época do início da criação
das faculdades de Medicina no País,
há 200 anos.
“Naquela época, o intervalo entre
a abertura da primeira escola e a
segunda foi de dez meses, encerran-
do-se, em seguida, o processo. Apenas
na última década, foram abertas sete
por ano. Precisamos vencer essa febre
de negócios e mercantilismo que se
tornou a abertura de escolas médi-
cas”, disse.
Para o presidente da AMP, José
Fernando Macedo, a maior necessi-
dade é por garantia de qualidade das
faculdades existentes e maior oferta de
vagas de residência médica, para que
os médicos possam sentir-se devi-
damente qualificados para atender,
inclusive no interior dos estados.
“Apenas 40% dos que se formam
conseguem vagas em residência médi-
ca, que é a especialização do profissio-
nal. Se o médico não consegue fazer
residência, não se sentirá capacitado
a sair dos grandes centros”, avalia
Em dezembro do ano passado,
a Associação Médica do Paraná foi
atendida pelo Ministério da Educação,
que concordou com a entidade, no
sentido de não haver necessidade
social para novos cursos. Na mesma
ocasião, o pedido de abertura de cinco
novas faculdades de Medicina no
Paraná foi negado. No entanto, no dia
7 de fevereiro foram autorizados dois
novos cursos, ambos oferecendo 40
vagas cada: um na cidade de Cascavel
(PR) e outro em Anápolis (GO).
Com relação aos cursos autorizados
recentemente peloMinistério da Educa-
ção, os presidentes da AMB e da AMP
afirmaram que vão consultar os depar-
tamentos jurídicos para tentar impedir
a realização do vestibular, até que o
curso seja comprovadamente validado
segundo os critérios médicos. Já as
faculdades que estão em funcionamento
devem passar por uma avaliação.
“Existe um projeto para que os
cursos existentes sejam reavaliados,
para garantir que todos cumpram os
critérios mínimos exigidos para a quali-
ficação profissional”, concluiuMacedo.
Ações contra novos cursos de Medicina
Foto: Divulgação/AMP
Coletiva de imprensa (esq. p/ dir.): Antonio Nassif, José F. Macedo, José L. G. Amaral, Gerson Zafalon (CRM), Jurandir Marcondes e
Ronaldo Bueno (Diretores da AMB)