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27

J O R N A L D A

A S S OC I A Ç ÃO MÉ D I C A B R A S I L E I R A • AMB

- JAN/ FEV -

2 0 0 8

A Associação Médica Brasileira e

a Associação Médica do Paraná

(AMP) vão entrar com medidas jurí-

dicas para impedir a criação de novos

cursos de Medicina que não atendam

aos critérios mínimos de qualidade

considerados. De acordo com os

presidentes das entidades, respecti-

vamente, José Luiz Gomes do Amaral

e José Fernando Macedo, esta é uma

iniciativa para garantir a qualidade do

ensino médico no Estado do Paraná e

em todo o País.

“Para que seja considerada quali-

ficada, uma faculdade precisa ter um

hospital próprio, oferta de vagas de

residência médica, unidades ambu-

latorial e de emergência, centros

cirúrgico e obstétrico e profissionais

comprovadamente experientes na

Medicina, para que possam formar

médicos altamente capacitados”,

afirmou Amaral, durante coletiva de

imprensa realizada no dia 19 de feve-

reiro, na sede da Associação Médica

do Paraná, em Curitiba.

“Não se trata de sermos contra a

criação de novos cursos, mas de estar-

mos preocupados com a qualidade dos

que existem e daqueles que solicitam

implantação. Queremos que a popula-

ção entenda que estamos preocupados

comosmédicos que farão o atendimento

aos pacientes”, completou Macedo.

Na avaliação das entidades, não

existe necessidade social de mais

cursos de Medicina no Paraná ou no

Brasil.

“Atualmente, o País conta com

mais de 320 mil médicos, número por

habitante próximo ao registrado nos

países desenvolvidos e muito acima das

possibilidades do sistema de saúde

brasileiro absorvê-los”, avaliou Ama-

ral. Para ele, a abertura de escolas de

Medicina é hoje uma “ação oportu-

nista em uma república permissiva”.

A afirmação veio logo após um

paralelo da época do início da criação

das faculdades de Medicina no País,

há 200 anos.

“Naquela época, o intervalo entre

a abertura da primeira escola e a

segunda foi de dez meses, encerran-

do-se, em seguida, o processo. Apenas

na última década, foram abertas sete

por ano. Precisamos vencer essa febre

de negócios e mercantilismo que se

tornou a abertura de escolas médi-

cas”, disse.

Para o presidente da AMP, José

Fernando Macedo, a maior necessi-

dade é por garantia de qualidade das

faculdades existentes e maior oferta de

vagas de residência médica, para que

os médicos possam sentir-se devi-

damente qualificados para atender,

inclusive no interior dos estados.

“Apenas 40% dos que se formam

conseguem vagas em residência médi-

ca, que é a especialização do profissio-

nal. Se o médico não consegue fazer

residência, não se sentirá capacitado

a sair dos grandes centros”, avalia

Em dezembro do ano passado,

a Associação Médica do Paraná foi

atendida pelo Ministério da Educação,

que concordou com a entidade, no

sentido de não haver necessidade

social para novos cursos. Na mesma

ocasião, o pedido de abertura de cinco

novas faculdades de Medicina no

Paraná foi negado. No entanto, no dia

7 de fevereiro foram autorizados dois

novos cursos, ambos oferecendo 40

vagas cada: um na cidade de Cascavel

(PR) e outro em Anápolis (GO).

Com relação aos cursos autorizados

recentemente peloMinistério da Educa-

ção, os presidentes da AMB e da AMP

afirmaram que vão consultar os depar-

tamentos jurídicos para tentar impedir

a realização do vestibular, até que o

curso seja comprovadamente validado

segundo os critérios médicos. Já as

faculdades que estão em funcionamento

devem passar por uma avaliação.

“Existe um projeto para que os

cursos existentes sejam reavaliados,

para garantir que todos cumpram os

critérios mínimos exigidos para a quali-

ficação profissional”, concluiuMacedo.

Ações contra novos cursos de Medicina

Foto: Divulgação/AMP

Coletiva de imprensa (esq. p/ dir.): Antonio Nassif, José F. Macedo, José L. G. Amaral, Gerson Zafalon (CRM), Jurandir Marcondes e

Ronaldo Bueno (Diretores da AMB)