Artigos originais
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A crise hipertensiva em pediatria, possível consequência da
hipertensão arterial sistêmica (HAS), pode ser definida por
níveis pressóricos muito elevados (acima do percentil 99)
1
.
Quando a elevação da pressão arterial (PA) é acompanhada
de sinais e sintomas de acometimento de órgãos-alvo,
como acometimento neurológico, renal, ocular, hepático
ou insuficiência miocárdica, classifica-se como emergência
hipertensiva (EH), enquanto a urgência hipertensiva (UH)
pode ser descrita como elevação da PA atingindo valo-
res superiores aos do percentil 99 acrescido de 5 mmHg
(estágio 2), associada com sintomas menos acentuados,
em paciente com risco de evolução para lesão de órgãos
alvo (LOA), sem evidência de acometimento recente
2
.
Tais condições são de grande importância, considerando
que cerca de 2 a 5% da população pediátrica pode apresen-
tar HAS
3,4
. Tais pacientes podem desenvolver EH quando
a HAS não é identificada, avaliada e prontamente tratada,
podendo esta levar a sequelas definitivas ou, até mesmo,
ao óbito
1
. O aumento da prevalência de HAS em crianças
acompanha o aumento da obesidade nessa faixa etária
5
, a
qual teve um aumento na sua incidência maior do que três
vezes nas últimas três décadas
6
. Cerca de 1% dos adultos
que apresentam HAS desenvolvem, em algum momento,
uma crise hipertensiva, sendo 24% dessas EH
7
. Não há
dados semelhantes na literatura em relação à incidência
na população pediátrica
8
. Como tais quadros muitas vezes
podem se manifestar de forma assintomática, oligossinto-
Emergência hipertensiva em pediatria:
uma abordagem prática e atualizada
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1
Estudantes de Graduação em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Avenida Alfredo Balena 190, Bairro Santa Efigênia, Belo Horizonte, MG, CEP 30130-100.
2
Professora Titular, Departamento de Pediatria, Faculdade de Medicina, UFMG.
Laboratório Interdisciplinar de
Investigação Médica da Faculdade de
Medicina da UFMG.
Artigo recebido:
21/10/2016
Aceito para publicação:
10/11/2016
*Endereço para correspondência:
Profa Ana Cristina Simões e Silva
Avenida Alfredo Balena 190, 2
o
andar,
sala 281, Bairro Santa Efigênia,
Belo Horizonte, Minas Gerais,
CEP 30130-100.
E-mails:
acssilva@hotmail.com, ana@medicina.ufmg.brTelefones: 31-34098073 (profissional);
31-999870077 (celular)
http://dx.doi.org/10.1590/1806-9282.62.Suppl2.10R
esumo
Introdução:
A emergência hipertensiva (EH), possível consequência da hiperten-
são arterial sistêmica (HAS), pode ser definida por níveis pressóricos muito eleva-
dos (acima do percentil 99), acompanhados de sinais e sintomas de acometimento
de órgãos-alvo. A EH, quando não identificada e prontamente tratada, pode levar
a sequelas definitivas e ao óbito.
Objetivo:
Atualizar estudante e profissionais da
área da saúde sobre o diagnóstico e o tratamento das emergências hipertensivas em
pediatria.
Metodologia de busca:
Revisão bibliográfica nas bases de dados PubMed
e SciELO, utilizando como descritores “
pediatric hypertensive emergency
” e “emer-
gência hipertensiva em pediatria”.
Discussão:
As causas secundárias são as princi-
pais responsáveis por crises hipertensivas na infância, destacando-se entre estas as
doenças renais. Crianças com HAS acentuada podem apresentar quadros clínicos
diversos, variando de irritabilidade e alterações visuais até convulsões e coma. A afe-
rição rotineira da pressão arterial (PA) é fundamental para o diagnóstico. Uma vez
detectada HAS, faz-se necessário anamnese e exame físico detalhados, bem como a
solicitação de exames complementares para detecção da etiologia. Na EH, deve-se
reduzir a PA abaixo do percentil 95, quando não há lesão de órgãos-alvo (LOA), e, ao
percentil 90, quando houver LOA, existirem comorbidades associadas ou for HAS
secundária. A redução da PA deve ocorrer de forma lenta e gradual. Os principais
fármacos utilizados na EH são administrados por via endovenosa. A medicação oral
deve ser iniciada o quanto antes, permitindo a retirada gradual das drogas endo-
venosas.
Considerações finais:
O desfecho favorável da EH em pediatria depende
essencialmente do diagnóstico precoce e tratamento adequado.
Palavras-chave:
Hipertensão, Emergência hipertensiva, Pediatria.