Jamb:
Por que esse procedimento não faz parte do rol da
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)?
Ivanésio:
Não gosto do termo “procedimento”. Duran-
te muito tempo esse tratamento esteve no rol da ANS.
Não sei por que e nem quando foi retirado, aleatoria-
mente, com a alegação errônea de que seria um trata-
mento estético. Trata-se de um tratamento médico de
uma doença, as varizes dos membros inferiores, in-
cluso na Classificação Internacional de Doenças (CID).
Esse é o mais tradicional e, provavelmente, o primeiro
tratamento invasivo praticado pelo angiologista. Hoje,
pode ser realizado para tratar a doença varicosa, desde
a sua forma mais branda até a mais grave. Portanto, é
inadmissível que fique fora do rol da ANS. Essa condi-
ção libera as empresas de saúde da obrigação de reem-
bolso pelo tratamento. Se assim permanecer, temo
pela permanência da escleroterapia também na Clas-
sificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos
Médicos (CBHPM).
Jamb:
Os valores dos principais procedimentos
da especialidade pagos atualmente
contemplam os anseios da categoria?
Ivanésio:
Não, de forma alguma. É preciso uma re-
formulação geral e urgente da CBHPM e dos honorá-
rios pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Não é
mais possível suportar tanto descaso com os servi-
ços médicos.
Jamb:
Do que o angiologista/cirurgião vascular mais
precisa atualmente no exercício da medicina no país?
Ivanésio:
Acredito que ter a SBACV e a Associação Mé-
dica Brasileira (AMB) sempre ao seu lado, a zelar pelos
seus direitos e pelas suas conquistas profissionais, é
muito importante. Ter apoio e incentivo para uma edu-
cação médica continuada. Receber uma remuneração
justa pelo seu trabalho e umpouco mais de respeito por
parte daqueles que dominam a medicina suplementar
e a saúde pública deste país.
Jamb:
A qualificação do programa de residência médica
é satisfatória?
Ivanésio:
A especialidade evoluiu bastante ao longo
desses últimos 15 anos. Penso que a residência médica
em cirurgia vascular precisa acompanhar essa trans-
formação. A cirurgia geral, requisito básico para se
tornar um cirurgião vascular, também se modificou e
agora trabalha com outro desempenho nos tratamen-
tos. Por outro lado, a cirurgia endovascular cresceu ex-
ponencialmente e responde pela grande maioria dos
tratamentos cirúrgicos. Assim, não seria nenhuma in-
sensatez estender a residência médica na especialida-
de para três anos.
Jamb:
De que forma a SBACV proporciona atualização
profissional aos seus associados?
Ivanésio:
Contamos hoje com quase 3.500 associados
distribuídos em 23 regionais bem organizadas e atuan-
tes em todo o país. Temos anualmente diversos encon-
tros científicos de alto padrão, estaduais e regionais
(Norte-Nordeste, Cone Sul, Centro-oeste, etc.). Em anos
alternados temos o Congresso Brasileiro de Angiologia
e Cirurgia Vascular com o Congresso Brasileiro de Eco-
grafia Vascular. A grande maioria das regionais realiza
reuniões científicas e discussão de casos mensalmente.
Há ainda muitos eventos científicos privados também
de excelente qualidade. Além disso, temos uma publi-
cação científica trimestral, o
Jornal Vascular Brasileiro
, e
o
site
com aulas, palestras e conferências de atualização
disponíveis a todos os associados.
Entrevista
“
Escleroterapia de varizes deve ser feita só
com o angiologista ou o cirurgião vascular
”
SETEMBRO/OUTUBRO-NOVEMBRO/DEZEMBRO 2
016
■
JAMB
■
5