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Nov/Dez/2003

BALANÇO POLÍTICO

Durante cinco dias, de 7 a 11 de

dezembro, por ocasião da 12ª

Conferência Nacional de Saúde (12ª

CNS), 5 mil pessoas estiveram em

Brasília para decidir os rumos da políti-

ca sanitária no país. Também chama-

da de Conferência Sérgio Arouca - em

homenagem ao sanitarista e ex-secretá-

rio de Gestão Participativa do Minis-

tério da Saúde, falecido este ano -,

a 12ª CNS reuniu gestores dos go-

v e rnos federal, estaduais e municipais,

bem como rep r esen tan t es dos

usuários do Sistema Único de Saúde

(SUS), pro fissionais de saúde, presta-

dores de serviços, representantes do

Ministério Público, especialistas e es-

tudiosos da área.

A antecipação da 12ª CNS em

um ano não aconteceu por acaso. O

ministro da Saúde, Humberto Costa,

anunciou que converterá em política

pública todas as decisões tomadas no

evento. "Nosso compromisso é o de

fazer com que as decisões da Conferência se torn em

ações concretas", afirmou Costa, durante a aber-

tura do evento. O que quer dizer que todos os recur-

sos destinados ao SUS - este ano foram R$ 30,5 bi-

lhões - serão remanejados de acordo com a delibe-

ração dos três mil delegados que participaram da

12ª CNS.

As discussões da Conferência foram norteadas

por dez eixos temáticos

(veja box)

.

Participação do CFM

Quatro delegados do CFM participaram da

Conferência: os conselheiros Mauro Brandão

Carneiro, Dardeg de Souza Aleixo, Alceu José

Peixoto Pimentel e Francisco das Chagas Dias

Monteiro.

Segundo Francisco Monteiro, que também re-

presenta os médicos no Conselho Nacional de Saúde,

“a 12ª Conferência debateu temas extremamente

importantes para o futuro da saúde no país, tendo

como eixo principal o fortalecimento do SUS”.

Na avaliação de Dardeg Aleixo, “não há como

destacar nenhum grupo de propostas inovadoras ou

que significassem mudanças substantivas para a

saúde pública brasileira dentre os temas debatidos. A

meu ver, a Conferência apenas aprofundou o debate

de temas comuns às anteriores”.

A discussão do projeto de lei do Ato Médico

mereceu a atenção de parte dos delegados, notada-

mente dos profissionais de saúde. “Entretanto,

consideramos lamentável a aprovação de proposta

contrária ao projeto, defendida por alguns estudantes

(inclusive de Medicina) e pro fissionais não-médicos.

Pois assim, um fórum da magni tude de uma

Conferência Nacional de Saúde foi equiparado a

uma assembléia estudantil, movida por paixões de

uma claque enfurecida, que deixou de lado os inte-

resses da saúde da população para abraçar causas

particulares de interesse social discutível”, disse

Mauro Brandão, coordenador da Comissão Nacional

em Defesa do Ato Médico.

Sobre a postura dos estudantes, Alceu Pimentel

reforça que “estes ‘líderes’ dos estudantes de

Medicina participantes da Conferência não repre-

sentam o pensamento de seus pares. Em recente

pesquisa realizada pelo CFM entre os estudantes de

Medicina de dez faculdades - públicas e privadas -,

o resultado mostra que a esmagadora maioria dos

futuros médicos defende a regulamentação, por lei,

dos atos médicos”.

A esse respeito, no início de 2004 o CFM fará

a divulgação completa dos dados desta pesquisa.

AMB discute financiamento da saúde

No dia 8 de dezembro, a 12ª Conferência

Nacional de Saúde contou com cinco mesas temáti-

cas para debater o financiamento da saúde, o con-

t role social, a gestão participativa, a organização da

atenção à saúde e as três esferas de governo e a

construção do SUS.

O presidente da Associação Médica Brasileira

(AMB), Eleuses Vieira de Paiva, participou da dis-

cussão sobre o financiamento da saúde dividindo a

mesa diretora com o ministro da Saúde, o secretário

executivo do Ministério da Saúde, Gastão Wagner,

a deputada federal Ângela Guadagnin (PT-SP) e o

p rofessor Gilson Carvalho.

Na ocasião, Paiva apresentou um estudo sobre

a perda de recursos da área de saúde a partir de

1995. Enquanto em 1995, segundo a Lei de Diretrizes

Orçamentárias, os gastos com a saúde correspon-

diam a 24,3% do orçamento de R$ 65 bilhões da

Seguridade Social, em 2004 corresponderão apenas

a 15,57% de um total de R$ 208 bilhões. "Aí enten-

demos, por exemplo, o porquê da crise nos hospitais

universitários e filantrópicos", afirmou.

O descumprimento da Emenda Constitucional

29 em 17 estados e em 41% dos municípios brasileiros,

segundo info rmou Gastão Wagner, foi assunto que

p rovocou indignação geral.

A discussão concentrou-se nas tentativas de

regulamentação da Emenda, que asseguram a efeti-

va co-participação da União, estados e municípios

no financiamento das ações e serviços de saúde.

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MEDICINA

CONSELHO FEDERAL

Conferência Nacional de Saúde

homenageia Sérgio Arouca

Eixos temáticos

1. Direito à saúde

2. A Seguridade Social e a saúde

3. Intersetorialidade das ações de saúde

4. As três esferas de governo e a

construção do SUS

5. A organização da atenção à saúde

6. Gestão participativa

7. O trabalho na saúde

8. Ciência e tecnologia e a saúde

9. O financiamento da saúde

10. Comunicação e informação em saúde

Cerca de 5.000 profissionais participaram da Conferência Nacional de Saúde que homenageou Sérgio Arouca

jornal DEZEMBR - PARA SALVADOR 12/29/03 11:57 AM Page 24