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Jamb Cultura 2017; 12(42):305-312

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A

Fórmula 1 já influenciou a sua vida?

Convidovocêarefletirsobreessades-

pretensiosacomparação.Atéondepo-

demos comparar o nosso ritmo de vida,a nossa

competência e os nossos resultados comomun-

do do automobilismo e,emespecial,coma F1?

Sou amante e assíduo expectador das cor-

ridas de F1 desde 1980, ano em que o carioca

Nelson Piquet já despontava com o seu talen-

to, vindo a ser campeão mundial da catego-

ria nos anos de 1981, 1983 e 1987.

O Brasil, com os seus mais de 204 milhões

de habitantes, já teve 29 pilotos representan-

do a categoria maior do automobilismo, com

101 vitórias, oito títulos mundiais, dois pilotos

tricampeões e um piloto bicampeão mundial.

Aqui começa a nossa comparação.

Não há a menor dúvida de que, para as-

sentar e competir em um

cockpit

de um car-

ro de F1, somente tendo um talento diferen-

ciado e foco total nos objetivos e no negócio.

Por mais que o esporte e o mundo sejam re-

gidos por pressões comerciais, é impossível

para alguém que não tenha a competência

necessária chegar a pilotar em competições

oficiais o bólido de F1. Não conheço outra ca-

tegoria esportiva ou outro ramo profissio-

nal em que somente 20 ou 30 pessoas con-

seguem ser selecionadas para a competição.

Na F1, notamos o trabalho em equipe em

todas as etapas, desde a concepção do carro,

os projetistas, a tecnologia, os investidores, os

apoiadores, os mecânicos, a equipe médica, os

chefes de equipe,os engenheiros e,é claro,os pi-

lotos.Qualquer erro,deslize,descuido,procrasti-

nação,preguiça,desconcentração,má vontade

ou insuficiência técnica representarão prejuízo

enorme para os resultados e,como consequên-

cia, sofríveis desempenhos.

A F1 exige dedicação integral. A cada pré-

-temporada, a cada treino classificatório e a

cada corrida, existe um enorme aparato de

pessoas e máquinas trabalhando, continua-

mente, na busca de uma melhor

performan-

ce

e de avanços técnicos.

Indicadores de desempenho, equilíbrio

emocional, concentração, ousadia, habilida-

de, velocidade, resistência física e trabalho em

equipe norteiam, de forma contínua, o coti-

diano dos envolvidos no esporte. Descuidos,

cálculos subestimados, o desconhecimento

do adversário ou uma estratégia errada po-

dem representar a derrota, a decepção e até

mesmo graves acidentes.

O compromisso com a educação continua-

da e com o aperfeiçoamento contínuo são pi-

lares cardeais. Apenas um segundo de dife-

rença pode representar abismos de distância

entre você e o seu adversário.

A F1 se reinventa a cada ano,seja na tecnolo-

gia, seja no regulamento, na expansão demer-

cados,no

layout

dos circuitos,na busca pela se-

gurança e na estética de cores,imagens e sons.

A F1 representa a globalização,a atrativida-

de comercial, o espírito esportivo, a paz entre

as nações. Seus torcedores percorrem o mun-

do para prestigiar o espetáculo e se confrater-

nizamnas arquibancadas,nos bares e nos gra-

mados de cada circuitomundo afora,trocando

risadas,intercambiando culturas e brindando os

seus

drinks

.Não há briga de torcidas,não há re-

volta e não há provocações entre os torcedores.

Na F1, existem regras e elas são cumpridas,

com rigor. As regras são claras e a menor in-

fração é severamente punida. Embora possam

existir surpresas (e elas alimentam qualquer

esporte), em geral vencerão os mais prepara-

dos e capacitados. A eles serão reservados a

glória do pódio e os louros de suas conquistas.

Os

pit stops

devem ser rápidos, precisos

e perfeitos. Qualquer tempo perdido resul-

tará em sérias e prejudiciais consequências.

É nessa hora em que o trabalho em equipe

mais se manifesta.

A F1 requer que o piloto esteja em equilí-

brio com a sua saúde física, psicológica e força

mental. Há que ter autoconfiança e estar em

harmonia com o time, com a sua ferramen-

ta de trabalho, com os seus apoiadores, com

a torcida e com a família.

A F1 é um grande laboratório, onde são

testados componentes, combustíveis, itens

de segurança e avanços tecnológicos que, aos

poucos, vão sendo incorporados nos automó-

veis que usamos nas estradas e nas cidades.

E você? E eu? E nós? O que estamos fazen-

do em nosso dia a dia para merecermos os re-

sultados que buscamos e para atingirmos os

sonhos que sonhamos?

Como está o nosso planejamento, o nosso

treinamento e o investimento em nossa car-

reira? Estamos, de fato, atentos ao que a con-

corrência está praticando? E a nossa relação

com os nossos parceiros, está satisfatória? Es-

tamos cumprindo bem as regras do jogo? So-

mos responsáveis emnossas ações? E a nossa

ferramenta de trabalho, está com a manuten-

ção em dia, abastecida, lustrada, afiada, equi-

pada e atualizada? E os nossos clientes, estão

satisfeitos? Quanto o nosso cliente desembol-

saria para contratar os nossos serviços?

O que estamos fazendo para beneficiar os

que ainda virão depois de nós?

Seráquemerecemosserselecionadosparaal-

gumtrabalho especial oupara algo que a imen-

samaioria das pessoas jamais seria lembrada?

E a nossa família, está envolvida em nos-

sos projetos? E a nossa saúde, está harmoni-

zada? E o nosso diferencial humano ou pro-

fissional, está evoluindo a cada dia?

Não há culpa e nem culpados. Tudo de-

pende dos objetivos traçados, das metas e das

expectativas que criamos para o nosso traba-

lho e para a nossa vida. Desse modo, se qui-

sermos um lugar no pódio, não temos tempo

a perder. Se a nossa postura for passiva, inve-

josa, caluniosa, egoísta, covarde, amadora e

acomodada, o tempo se encarregará do nos-

so posicionamento, na longa estrada da vida.

Felizmente, se você leu até aqui, creio que está

no primeiro grupo, no grupo dos vencedores!

Arnóbio Moreira Félix

Ortopedia

Belo Horizonte – MG

Fórmula 1