Espaço poético
Anestesiologista
M
ergulho serenamente
No sono que me induzes
– uma jornada no imponderado,
Pelo acalanto oriundo das seringas.
O bip dos monitores vão se apagando...
A luz dá lugar à escuridão,
Nem sonhos, nem pesadelos...
Eu morro por algum tempo,
Só meu coração bate por si.
Tudo dorme – os músculos, os ossos e até o cérebro!
Meu coração vigilante lhe dá notícias:
Se a pressão cai, o anestesista a eleva,
Se aumenta, do mesmo modo, força a queda
Taquicardia, bradicardia, arritmia...
Não importam as “mias”;
Além de Deus, ele vela à cabeceira.
Meu corpo é ferido por mãos experientes,
Pinças, tenazes e tesouras,
Podam as ervas daninhas, que tentam roubar-
-me a vida.
Nem uma dor, nenhum sofrimento.
Desperto ignorando o tempo...
– Doutor, já fui operado?
Jair Oliveira da Silva
Anestesiologia
Rio Branco – Acre